30/12/2016

Retrô 2016: Gems

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA FINALMENTE!!! A Bíblia tem orgulho em apresentar o retorno da saudosa e querida Retrô, desta vez reunindo o que houve de melhor, maior, ou no mínimo, interessante no ano de 2016! Porque se este ano foi horrível em dezenas de aspectos, não foi horrível na Música, muito menos no Rock. E no Metal, menos ainda! Sim, porque hoje em dia tem mais banda de Metal fazendo sucesso do que de Rock.

Então pra fugir um pouco dessa tendência, este primeiro artigo vai resenhar bandas e álbuns com uma sonoridade mais "raiz". Você já deve ter ouvido falar (ou não) da onda retrô-revival-vintage-clássica-etc que está acontecendo atualmente, que consiste em várias bandas novas resgatando a sonoridade dos anos 60/70, que trazendo o Rock classudo para os novos tempos, e conseguindo a façanha de não soarem datadas ou ultrapassadas, nem de serem consideradas cópias mal-feitas que só querem pagar de "vintage". Pra falar a verdade, este autor nem sabe ao certo se existe mesmo uma onda retrô acontecendo. É possível que sempre tenham existido bandas "retrô" dentro do underground, e que só agora as gravadoras e a mídia especializada tenha prestado atenção e resolvido propagandeá-las. Ou então realmente surgiu um maior número de bandas retrô, em comparação aos últimos anos... Enfim, se essa onda é fabricada ou não, o que importa é que os estão aí pra serem curtidos e apreciados.

Apreciados principalmente por VOCÊ! VOCÊ aí, que tá acostumado ao metáu pezado, VOCÊ que, quando perguntam que bandas de ROCK você gosta, você sempre fala Metallica, Iron Maiden e SlipKnot! VOCÊ que já tá acostumado a pedal duplo e gritos lancinantes, VOCÊ que não tá acostumado a ouvir bandas mais lentas que Angra, VOCÊ PRECISA DESTE ARTIGO! Você precisa conhecer as suas raízes, saber das suas origens e respeitar os mais velhos!

Falando nisso, vale a pena fazer um glossário, caso alguém não saiba o que certos estilos ou expressões querem dizer.
  • Rock Psicodélico: quando a banda de Rock clássico tem timbres agudos e vibrantes, com notas geralmente alongadas e contínuas, além de distorcidas. A banda fica mais psicodélica ainda quando usa e reproduz sons e efeitos mais inconvencionais e experimentais.
  • Space Rock: quando a banda de Rock clássico investe demais nesses sons e efeitos malucos e experimentais. Algumas delas até resolvem apelar pra efeitos sonoros que lembram filmes de ficção científica. O que faz o "Space" do "Space Rock" fazer ainda mais sentido.
  • Stoner Rock: quando a banda de Rock clássico tem som mais cadenciado (mais grave) e ritmo mais desacelerado. Geralmente tem um vocalista de timbre mais grave.
  • Groove: De forma bem ignorante e direta, é o som marcante e potente do baixo, que marca e reverbera na música.
    "Groove" também pode ser usado como sinônimo pra "vibe", "feeling", "clima", "levada", "pegada". Mas não este autor nem gosta desse termo, então ele vai usar bem raramente.
Agora chega de enrolação!


Retrô 2016: Gems

Banda: Blues Pills
Álbum: Lady In Gold
Estilo: Soul Rock

Uma das maiores revelações dos últimos anos, o sueco Blues Pills estreou seu disco homônimo em 2014 e foi um sucesso absoluto de crítica e público, recebendo elogios pela sua sonoridade calcada no Blues e pela admirável performance da vocalista Elin Larsson e pela habilidade do guitarrista Dorian Sorriaux. Se quiser saber mais, tome aqui a resenha que este autor fez ano passado sobre a banda. Agora em "Lady In Gold", em vez de continuar tocando Blues Rock, ela calca sua sonoridade no Soul, compondo um álbum super bem-produzido e cheio de profissionalismo. Essa mudança tem um lado positivo e negativo: o negativo, é que o Blus Pills não registra aqui a espontaneidade e organicidade que a consagrou no primeiro álbum, o que com certeza vai afastar os ouvintes que mais se apegaram à sua simplicidade e carisma naturais. O lado positivo, é que a banda mostra versatilidade e bastante coragem ao mostrar que pode experimentar e tocar o que quiser, sem perder o talento - e sem se amarrar à obrigação de cumprir expectativas. Tudo é uma questão de se adaptar ao estilo único do disco, às suas composições diferenciadas, aos coros, ao tecladinho, etc. Se não conseguir fazer isso, vai achar "Lady In Gold" enfadonho e cheio de excessos. Mas se conseguir, vai poder apreciá-lo como uma obra brilhante e cheia de estética, se divertindo com os pontos altos do disco, que são "Little Boy Preacher", "Bad Talkers", "You Gotta Try" e "Elements and Things", sem contar a dobradinha emocionante e melódica de "I Felt a Change" e "Gone So Long". Além, é claro, da faixa-título que abre o disco com pompa e apresenta o tom adotado pela banda. "Lady In Gold" é pegar ou largar.
Faixas:
01. Lady in Gold
02. Little Boy Preacher
03. Burned Out
04. I Felt a Change
05. Gone So Long
06. Bad Talkers
07. You Gotta Try
08. Won't Go Back
09. Rejection
10. Elements and Things

Banda: Blackberry Smoke
Álbum: Like An Arrow
Estilo: Southern/Country Rock

Desde 2000, o Blackberry Smoke se empenha em tocar um Rock caipira de alto nível. E este álbum mantém essa tradição, apresentando canções despretensiosas e divertidas, graças ao instrumental inspirado e ao vocal carismático que faz a gente cantar junto os refrões, como nas canções "Sunrise In Texas", "Ain’t Gonna Wait" e a faixa título. Outros destaques são "Let It Burn" e "What Comes Naturally" que são divertimento puro, "Waiting For The Thunder" que é a mais pesada e com pegada, e "Believe You Me" que flerta com o Funk (não o Carioca, pelamor) e é simplesmente um show. Tem também a "The Good Life", que é melódica e suave, e representa bem aquela imagem que criamos do caipira pai passando conselhos da vida ao caipira filho. Enfim, a banda se sai bem em todas as frentes, fazendo de "Like An Arrow" um álbum que vale a pena ser apreciado enquanto deitamos na rede e admiramos as nuvens passando lá em cima, como um legítimo capiau de bem com a vida.
Faixas:
01. Waiting for the Thunder
02. Let It Burn
03. The Good Life
04. What Comes Naturally
05. Running Through Time
06. Like an Arrow
07. Ought to Know
08. Sunrise in Texas
09. Ain’t Gonna Wait
10. Workin’ for a Workin’ Man
11. Believe You Me
12. Free on the Wing (part. Gregg Allman)

Banda: Ulysses
Álbum: Law and Order
Estilo: Rock and Roll com certos experimentalismos

Diferentemente de todas as bandas dessa lista que se inspiraram na sonoridade vintage e a psicodelia ácida, este terceiro álbum do quarteto britânico Ulysses realiza a deliciosíssima união entre aquela sonoridade retrô de estética alegre e ingênua (mais presente nos grupos de Surf Music), ao Rock mais pesado e de atitude de bandas de 70, como Sweet, Slade e Humble Pie. E pra completar, também tem vocalistas que transmitem a mesma vibe dos Beatles! O resultado dessa proposta são 12 músicas extremamente viciantes e agradáveis que te divertem pra valer e te fazem ficar sorridente de bochechas vermelhas, que nem as pessoas das propagandas antigas. E tem mais um detalhe aí: é visível que a banda já acumulou certa experiência e consistência, então ela sempre insere elementos que incrementam ainda mais as músicas, dando a cada uma delas um toque especial. As escolhas que ela faz pra cada uma são muito intrigantes. Elas podem ser bem simples e divertidas como "Law and Order" até cheias de nuances e experimentações, como "Song That Has To Be Sung". Mas absolutamente TODAS as músicas são boas e cativantes, é só escolher qualquer uma aleatoriamente, vamos lá. "Smiling"? Te faz mexer a cabeça de forma ritmada de um lado pro outro ou de cima pra baixo do começo ao fim. "Dirty Weekend"? Te faz se sentir de férias na praia (com roupa de banho listrada) e terminando o dia na farra de forma "dirty". "Typical Scorpio"? Ai, ele é típico escorpiano, possessivo, intenso, vingativo, (...) Impossível não ficar com a letra ecoando na cabeça. Enfim, se você não ficar feliz com esse álbum, você está morto por dentro! Aproveita que a banda tem clipe, bandcamp, e ouve!
Faixas:
01. Law and Order
02. Smiling
03. Lady
04. Crazy Horses Ride the Snake
05. Dirty Weekend
06. Mary Jane
07. Song That Has to Be Sung
08. Typical Scorpio
09. Come on This City’s Gone
10. Yellow Sunshine #1
11. Yellow Sunshine #2
12. How Long?

Artista: Joe Bonamassa
Álbum: Blues of Desperation
Estilo: Blues Rock com outras coisas

Joe é um cantor, compositor e guitarrista estadunidense que é condecorado por aí como um dos maiores bluesman (tocador de Blues) da atualidade, que acabou de lançar um álbum que é condecorado por aí como seu melhor trabalho solo. Como o profeta não ouviu seus trabalhos anteriores, não pode opinar se esse elogio é merecido ou exagerado, só sabe dizer que esse álbum é bom mesmo. Além de ter composições inspiradas e de personalidade, instrumental virtuoso e habilidoso, e sonoridades e levadas bem variadas, esse álbum tem um je ne sais pas (expressão gourmet pra "sei lá o quê") que o torna mais grandioso do que (já) é. Talvez seja o espírito mais cru, orgânico e dinâmico que transmite, por meio de canções cheias de feeling e carisma. Além de ter sonoridades pra todos os gostos: animadas como em "You Left Me Nothin' But the Bill and the Blues", lentas e boas como "Livin' Easy", mais instrumentais como "No Good Place For The Lonely", que inclusive é uma das melhores músicas do... do ano! Por fim, "Blues of Desperation" representa uma ótima mostra do talento e destreza de Zé Boa Massa. E talvez a melhor, como dizem por aí.
Faixas:
01. This Train
02. Mountain Climbing
03. Drive
04. No Good Place for the Lonely
05. Blues of Desperation
06. The Valley Runs Low
07. You Left Me Nothin' But the Bill and the Blues
08. Distant Lonesome Train
09. How Deep This River Runs
10. Livin' Easy
11. What I've Known for a Very Long Time

Banda: Black Stone Cherry
Álbum: Kentucky
Estilo: Hard Rock Moderno

O profeta lembra da primeira vez que ouviu essa banda, mais especificamente o disco "Magic Mountain", só porque estava à venda na Livraria Saraiva. A pegada alternativa e comercial do álbum torceu o nariz deste autor, que o fez largar essa porcaria. Mas depois de uma breve pesquisa, e de ouvir este novo álbum, ele descobriu que o Black Stone Cherry era legal, e que o "Magic Mountain" foi um desvio na sua sonoridade habitual, só pra ganhar dinheiro tentando ser mais comerciável e audível pras massas. "Kentucky" é a verdadeira faceta da banda, que executa um som original de qualidade e potência, com peso e riffs marcantes e calculados, um vocalista de timbre alternativo que não faz feio, e várias composições diferenciadas que não remetem a nenhuma banda ou estilo especificamente. Essa pegada que foge do tradicional até pode afugentar alguns, mas isso não é um defeito, é somente uma banda com personalidade própria. Defeito mesmo, é a sensação de cansaço que o álbum nos inspira ao longo das suas 13 faixas, porque também, né, são 13! E ainda tem as faixas bônus, que não só são "musiquinhas extras pra quem tiver tempo sobrando e quiser ouvir", porque elas são imperdíveis. "Kentucky" é uma boa pedida pra quem quer algo mais diferenciado e original, e que ao mesmo tempo, não foge tanto do Rock, e que é perfeito pra colocar como trilha sonora enquanto faz faxina ou algo assim, porque esse disco não acaba nunca.
Faixas:
01. The Way of the Future
02. In Our Dreams
03. Shakin' My Cage
04. Soul Machine
05. Long Ride
06. War (Edwin Starr cover)
07. Hangman
08. Cheaper to Drink Alone
09. Rescue Me
10. Feelin' Fuzzy
11. Darkest Secret
12. Born to Die
13. The Rambler
Faixas bônus da edição deluxe do ITunes:
14. I Am the Lion
15. Evil
Faixas bônus da edição exclusiva
14. Love Runs Out
15. Coyote
16. Mississippi Queen

Banda: Zodiac
Álbum: Grain of Soul
Estilo: Heavy Rock

Nascida em 2010, a alemã Cavaleiros do Zodiac já lançou três álbuns na sua carreira: "A Bit Of Devil" (2012), "A Hiding Place" (2013), "Sonic Child" (2014), e se destacou por fazer uma mistura inteligente de vários roques para compor o seu próprio estilo. Aqui em "Grain of Soul", podemos ouvir um Rock ágil com timbre levemente cadenciado e um clima que varia do intenso e melódico ao energético e despojado, tudo acompanhado por um vocal que pode afugentar um pouco quem já está acostumado com uma voz mais tradicional (rasgado, agudo, estridente, que não é limpo, etc). De início, o álbum pode soar um tanto contido ou "comum", sem nada de especial, mas pra se livrar dessa impressão, é só prestar mais atenção às sutilezas e se deixar levar pelas várias direções que as canções nos levam. Assim aprendemos a nos pegar mais aos refrões pegajosos, às canções que não tem pressa de chegar a algum lugar e que se focam em aproveitar o som, e apreciar os bons momentos, que são vários.
Faixas:
01. Rebirth By Fire
02. Animal
03. Follow You
04. Down
05. Faithless
06. Crow
07. Ain’t Comin’ Back
08. Get Out
09. Like The Sun
10. Sinner
11. Grain Of Soul

Banda: Wo Fat
Álbum: Midnight Cometh
Estilo: Heavy Rock

Olá, meninas! No tutorial de hoje, vou mostrar como deixar o vocalista em segundo plano, de tanto que o seu instrumental é foda! É basicamente isso que o trio texano Wo Fat faz aqui. A banda começou suas atividades em 2003 e já lançou cinco discos, além de três splits e um álbum ao vivo. Mas voltando ao assunto, a dobradinha de baixo e guitarra é a sua principal característica e sua melhor qualidade. Tanto que, por vezes, o vocalista tá lá só de enfeite. Outra característica notável é que há canções com mais de 9 minutos e você nem liga pra isso, porque só quer saber de aproveitar o groove acentuado e se esbaldar no instrumental empolgante e diverso, que vai do puro Rock and Roll pesado, à intensidade volumosa do instrumental, que protagoniza e envolve. Se está procurando por um instrumental corpulento que se sustenta sozinho, "Midnight Cometh" é a sua praia.
Faixas:
01. There’s Something Sinister in the Wind
02. Riffborn
03. Of Smoke and Fog
04. Le Dilemme de Detenu
05. Three Minutes to Midnight
06. Nightcomer

Banda: Glitter Wizard
Álbum: Hollow Earth Tour
Estilo: Space Hard Stoner Rock Psicodélico Progressivo e etc

Em seu sexto álbum, este quinteto californiano nos apresenta uma viagem de ácido complexa e instigante, graças aos seus vários elementos e sonoridades que são inseridas e misturadas em equilíbrio calculadamente e pontualmente. Enquanto a cozinha marcante e ritmada nos mantêm empolgados e na fissura, os riffs e melodias pegajosas ecoam na nossa cabeça, e o vocal potencializa a acidez da sonoridade. Quer dizer, menos quando ele está mais sóbrio e "normal", dando ao ouvinte um pouco de descanso também. Principalmente na faixa "Mycelia", caso particular onde a banda fica... melosa. Mycelia deve ser uma dessas mulhé aí que não tem coração (e nem nome normal). E continuando a falar mais especificamente sobre as faixas, "Scales" tem um instrumental fenomenal, "Stoned Odyssey" é curta, mas faz a gente se sentir num planetário, "UFOLSD" é loucura total com suas variações, e "The Hunter" talvez seja a canção que melhor represente o álbum, pois é completa em resumir o espírito de "Hollow Earth Tour": ácido, diverso, ágil e eletrizante.
Faixas:
01. The Smokey God
02. Mycelia
03. The Hunter
04. Scales
05. Stoned Odyssey Pt.1 Pt.2 Pt.3
06. Fungal Visions
07. UFOLSD
08. Sightseeing With Admiral Byrd
09. Death of Atlantis

Banda: No Sinner
Álbum: Bad Habits Die Hard
Estilo: Rock and Roll

Colleen Rennison é uma mulher formidável. É atriz canadense e líder, cantora e compostora do No Sinner, banda cujo nome é o seu sobrenome ao contrário. A banda começou em 2012, lançou seu primeiro álbum "Boo Hoo Hoo" em 2014 e seu segundo agora em 2016, tocando Rock com influências de Blues e Soul, influências estas que talvez sejam mais notáveis na performance vocal de Colleen, que tem personalidade, versatilidade e força, consegue transmitir uma paixão e sinceridade contagiante. Tanto nos momentos mais intimistas quanto nos explosivos, ela é um show. Mas pra não falar só dela, o instrumental é talentoso e consegue executar os variados estilos que se propõe a tocar com desenvoltura e elegância. De forma geral, "Bad Habits Die Hard" é leve, charmoso e um bom entretenimento, que se sobressai por conta da atuação de Colleen e seus músicos, que deixam tudo com uma aura especial e com mais vivacidade. Eu só recomendo pular a faixa #10, que ela é meio... "meh".
Faixas:
01. All Woman
02. Leadfoot
03. Tryin'
04. Saturday Night
05. Hollow
06. Get It Up
07. Friend Of Mine
08. Fading Away
09. When The Bell Rings
10. Lines On The Highway
11. One More Time
12. Mandy Lyn
Faixas bônus da edição deluxe:
13. Wait
14. I Know It's A Sin
15. Slippin'

Banda: Mother Island
Álbum: Wet Moon
Estilo: Stoner Rock

Em "Wet Moon", esta banda italiana de Vicenza toca um Rock com tom mais cadenciado e ritmo mais discreto, o que deixa sua musicalidade mais intimista e singela, perfeita pra quem quer curtir um som clássico mais calmo e relativamente profundo. E esse tom sombreado também abarca arranjos e timbres com cores mais abertas, e linhas vocais vivas e diferenciadas da vocalista Anita Formilan, que consegue tanto manter o clima ocre, quanto contrastar com ele. Essa combinação de elementos deixam o disco com uma sonoridade magicamente especial, um tom diferenciado e personalidade própria. Outro detalhe é que as músicas são curtas, sempre com 3, 3:30 ou 4:30 minutos em média, o que contribui pro dinamismo do álbum. E diferentemente dos outros dessa lista, que se sobressaem por sua complexidade, variedade ou agitação, "Wet Moon" ganha por seu caráter sóbrio e particular, sendo grande na sua simplicidade.
Faixas:
01. To The Wet Moon
02. On Days Like These
03. Twentynine Palms
04. In The Meantime We Will Dance
05. La Danse Macabre
06. Normal Love
07. Eastern Memories
08. Heroin Sunrise
09. The Heap
10. Midnight Sun

Banda: Arctic
Álbum: Arctic
Estilo: Rock Psicodélico

Arctic é um trio californiano viciado no skate, formado por Figgy na guitarra, Nuge no baixo e Frex na batera, mas que em vez de tocar "eu digo TCHÁLI e voces disem BRAUM", toca Rock Psicodélico. É, mundo doido esse. E você reparou que não tem vocalista? É porque esse álbum é Instrumental. Este autor só não botou "Instrumental" ali em cima pra dar essa surpresa. Só aparece uma voz perdida umas duas vezes. Esse disco é praticamente uma jam session, mofada, despretensiosa e espontânea, que além de nos deixar num tipo distinto de humor, tem o incrível poder de conseguir detectar quando a gente tá começando a se cansar daquela melodia, ou ritmo, ou etc. Não que isso aconteça com frequência, mas quando isso acontece, ZÁS, a música muda na mesma hora, conseguindo prender nossa atenção e nos fazer continuar nessa viagem. A sonoridade geral é ligeiramente cadenciada para os padrões psicodélicos, o que deve agradar aqueles que procuram por algo menos ácido e agudo. E também deve agradar aqueles que não se importam de ouvir músicas longas que não tem exatamente um "objetivo", um clímax, um auge. Em resumo, é pra quem quer ficar relaxadão sem precisar recorrer à erva. E de quebra, ainda pode ser uma porta de entrada pra "drogas mais pesadas"...
Faixas:
01. Over Smoked (08:36)
02. Cryptic Black Sun (04:07)
03. Burnt Ice (08:05)
04. Daewon (04:57)
05. Higher (03:23)

Banda: Brutus
Álbum: Wandering Blind
Estilo: Rock Psicodélico

Indo na contra mão da tendência musical dos seus lugares de origem, esse quinteto meio norueguês e meio sueco não quer saber de blasfêmia e queima de igrejas, e sim de trazer o Rock setentista para o novo século. A banda surgiu em 2007 e já lançou dois discos, "Brutus" (2010) e "Behind The Mountains" (2013), além de lançar aqueles formatos que ninguém se importa de verdade (demos, splits, etc). E aqui em "Wandering Blind" ouvimos a nata do Rock setentista, em músicas viciantes e pegajosas que nos fazem entrar de cabeça na sua sonoridade mofada, psicodélica, clássica, e que mais você queira chamar. O caso é que nos fisga logo na primeira nota de guitarra. É assim mesmo, instantâneo. E de bônus, a voz do vocalista é idêntica à do Ozzy antigamente! Que mais você precisa pra ser feliz?! De todos os álbuns desse artigo, este é um dos que este autor mais recomenda, porque É EXATAMENTE ASSIM que uma banda que se presta ao papel de resgatar/reproduzir o Rock clássico deve soar. "Wandering Blind" é 100% certeiro nisso, e absolutamente perfeito.
Faixas:
01. Wandering Blind
02. Drowning
03. Axe Man
04. Whirlwind of Madness
05. The Killer
06. Blind Village
07. Creepin'
08. My Lonely Room
09. Living in a Daze

Banda: Rival Sons
Álbum: Hollow Bones
Estilo: Rock

Esta banda californiana nasceu em 2009, já lançou quatro discos, e sempre foi querida e consagrada pela mídia especializada e pelo público amante do Rock setentista, que adora essa onda retrô em contraposição às bandas de Metal super técnicas e pesadas que tem agora. Em "Hollow Bones" ouvimos canções com melodias incrementadas de groove com um baixo bem presente, climatizações e andamentos bem variados, contrastes que deixam as canções atraentes e ricas, e uma voz versátil que atua em vários estilos. Na primeira metade do álbum, as músicas são tão marcantes, e duram tão pouco tempo (3:30, em média), que a sensação de "quero mais" e necessidade por repeti-las é inevitável. Alguns destaques devem ser considerados: "Thundering Voices" é viajante e fulminante ao mesmo tempo, "Hollow Bones Pt.2" mostra um trabalho impressionante de voz, a intensidade de "Fade Out" é excepcional, e "Tied Up" mostra como os contrastes e variações são muito bem executados. Na verdade, todas as músicas tem suas características únicas, então foi meio inútil falar só de quatro delas. Mas foram essas que mais tocaram este autor. Ouça esse disco pra ver quais te tocam mais, e ouvirás um dos melhores lançamentos do ano.
Faixas:
01. Hollow Bones Pt.1
02. Tied Up
03. Thundering Voices
04. Baby Boy
05. Pretty Face
06. Fade Out
07. Black Coffee
08. Hollow Bones Pt.2
09. All That I Want

Artista: Glenn Hughes
Álbum: Resonate
Estilo: Rock

Falar desse cara é chover no molhado. Tanto em bandas quanto em carreira solo, Glenn Hughes não perde a mão e sempre tem alguma coisa boa e nova pra mostrar. Aqui em "Resonate", ele mostra uma pegada mais pesada para o seu habitual, não chegando a ser Metal, é claro, mas representando uma força ligeiramente maior no seu Rock clássico. A banda é composta por Glenn no vocal, baixo e guitarra, uns músicos suecos terceirizados no baixo, bateria e teclados, e o baterista Chad Smith (aquele do RHCP) convidado nas faixas #1 e #11. E apesar de parecer, não, o vocalista do Maroon 5 não dá uma pontinha na primeira faixa (ouve ela, que você vai entender!). Das faixas mais marcantes, podemos citar a de energia ininterrupta "How Long", a "good vibes" "Landmines", a típica baladinha emocionante "When I Fall", a incrível "Steady" que poderia estar no Deep Purple, "Long Time Gone" com uma melodia marcante... e todas elas! "Resonate" é como um compilado de ideias e divagações que ganharam corpo e sofisticação. Imperdível, como todo trabalho de Glenn.
Faixas:
01. Heavy
02. My Town
03. Flow
04. Let It Shine
05. Steady
06. God of Money
07. How Long
08. When I Fall
09. Landmines
10. Stumble & Go
11. Long Time Gone
12. Nothings The Same (bônus da edição deluxe)

Banda: Scorpion Child
Álbum: Acid Roulette
Estilo: Hard Rock Psicodélico


PQP ESSE DISCO EH MUITO FODAAAAAAA ATE COMPREI ELE DE PRESENTE DE NATAL PRA MIM MESMO ELE EH MUITO BOM!!! Agora que você já leu a opinião deste autor, você vai ler a análise crítica: o quinteto texano Scorpion Child nasceu em 2006, mas só lançou um disco ("Scorpion Child") em 2013, e este de agora. A banda se especializou em fazer um Rock com a pegada dos anos 70 com mais peso e mais agilidade, e o resultado não poderia ser melhor. Absolutamente todas as músicas são empolgantes e contagiantes, transmitem um tipo de impulso que poucas bandas conseguem. Isso vai desde o vocal com claras influências de Robert Plant (mesmo com estilo e timbre diferenciado), até o instrumental sempre habilidoso que não perde a mão em nenhum momento, composto por riffs e solos ácidos, teclado viajante e uma cozinha freneticamente técnica. Tudo isso combinado transmite uma energia lisérgico-agressiva-moderna-mofada quase ininterrupta, que nunca nos deixa enfastiados ou cansados. E esse adjetivo não fez muito sentido, mas é exatamente o que pensamos quando ouvimos "My Woman I Black", por exemplo. É uma maravilha do início ao fim, seguramente um dos melhores lançamentos do ano. Ah, um aviso de camarada: aproveite bem o disco até o último segundo, inclusive os ruídos do final da última faixa, que você terá uma surpresa.
Faixas:
01. She Sings, I Kill
02. Reaper’s Danse
03. My Woman In Black
04. Acid Roulette
05. Winter Side Of Deranged
06. Séance
07. Twilight Coven
08. Survives
09. Blind Man’s Shine
10. Moon Tension
11. Tower Grove
12. I Might Be Your Man
13. Addictions

Banda: Crobot
Álbum: Welcome To Fat City
Estilo: Hard Rock Psicodélico

Você deve ter visto essa banda em alguma lista de "melhores discos de 2016". Se viu, saiba que essa posição é merecida! O Crobot executa em "Fat City" um som ácido, pesado, empolgante e com muito entusiasmo. E o impressionante é que ele pega todas as características reverenciadas e destacadas nessa lista e as une de uma forma muito coesa. Ou seja, ele tem de tudo: canções que não enrolam e vão direto ao ponto (o álbum inteiro tem só 40:13 minutos), groove, peso e vigor na medida certa, arranjos e timbres ácidos e vibrantes, melodias criativas e cativantes, sonoridade mofada e ao mesmo tempo moderna, e composições diversificadas, que fazem cada faixa ser uma novidade e uma boa surpresa. E pra completar, ela une tudo isso e ainda consegue soar original. É uma banda completa! Também é preciso falar sobre a performance do vocalista, que é uma das poucas desta lista que realmente chamou atenção deste autor, por ser inspirada e conseguir transparecer sua vontade e paixão. Enfim, dos vários lançamentos imperdíveis desta lista, esse aqui fica entre os mais mais.
Faixas:
01. Welcome To Fat City
02. Play It Cool
03. Easy Money
04. Not For Sale
05. Hold On For Dear Life
06. Temple In The Sky
07. Right Between The Eyes
08. Blood On The Snow
09. Steal The Show
10. Moment Of Truth
11. Plague Of The Mammoths

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