27/03/2018

Retrô 2016: Jewels

Esta deveria ser a última parte da Retrospectiva 2016, e se chamar "Extras", mas agora é a penúltima! A razão dessa mudança drástica de última hora é a seguinte: lembra que este autor mencionou no artigo anterior que ia dar umas indicações rápidas? Pois então, essas indicações na verdade eram discos que não entraram nas Retrôs anteriores, tanto por não se encaixaram na temática delas, quanto por estarem "na reserva". Explicando melhor, este autor pegou um monte de discos, e os que ele ouviu e gostou, ele publicou. Os discos que restaram iam ficar de indicação depois nos Extras, se fossem bons o bastante para tal. Mas aí o profeta pensou "Cara, essa indicações são tão boas quanto os discos que ganharam resenha! Tem verdadeiras preciosidades aqui, se eu não falar delas também, vão pensar que eu sou preguiçoso e desleixado, e não quero que as pessoas saibam essa verdade". Então taí, uma categoria novinha em folha, resenhando verdadeiras joias, maravilhas do Rock clássico, cadenciado e lisérgico, e uns lançamentos de Metal que passaram fora do radar de muita gente, mas que não merecem ficar no esquecimento. Sejam bem-vindos à:


Retrô 2016: Jewels

Banda: Moss Agate
Álbum: Stockin' Da Boiler
Estilo: Blues Rock

Isso sim é um disco feito com coração, com alma. Dá pra perceber isso logo pela capa, que é um cartum caricaturando os integrantes da banda - provavelmente desenhado por um integrante mesmo, ou pelo amigo de um integrante, que fez esse servicinho com a promessa de ser pago um dia. Dá pra perceber também pelo completo anti-profissionalismo da banda, já você não vai encontrar NADA sobre ela no Google, nada de site oficial ou coisa mais séria, só seu canal do YouTube e seu Facebook. E também pelo álbum não ter uma produção e mixagem mais refinada. Mas apesar de parecer, isso tudo que o profeta está falando é no bom sentido! Pois tudo isso mostra o que o Moss Agate melhor transmite: naturalidade, espontaneidade e a vontade de se divertir tocando um bom Rock clássico. Bom não, ótimo! Todos os artistas são bem soltos e desenvoltos, tocam suas melodias e notas como se fosse a coisa mais natural do mundo, tendo alguns momentos que parecem até improviso. A timbragem das guitarras vibra e ecoa fácil pelos nossos ouvidos, e emitem um sentimento bom de "estou em casa", como se essa sonoridade fosse tudo que precisávamos desde sempre. O vocalista também se destaca por passar entusiasmo, chegando até a se esgoelar quando se empolga, nos proporcionando risos no cérebro e diversão. Enfim, é devido a toda essa qualidade e anti-profissionalismo que este autor considera "Stockin' Da Boiler" tão precioso quanto o lendário disco "Maiden Voyage", um show de naturalidade e paixão pelo Rock.
Faixas:
01. Sometimes You'd Rather Forget
02. Wild Dogs
03. Night Time Again
04. In Over Our Heads
05. Woven From What You Were
06. If You Wanna Play
07. Exited
08. We The People
09. Lines In The Records
10. An Endless War
11. A Tired Old Workin' Man

Banda: Sari Schorr
Álbum: A Force of Nature
Estilo: Blues Rock

Sari Schorr é um dos maiores nomes femininos do Blues atual, e esse disco mostra porquê. O som totalmente calcado no Rock clássico, cheio de groove, notas agudas alongadas e inspiradas, melodias pegajosas, ritmo gostoso e sonoridade engajante são ótimos, são um primor, maaas acabam sendo só um plano de fundo para o brilhantismo de Sari, que é a verdadeira estrela. Desde o início percebemos que as músicas buscam colocá-la como a protagonista invicta, que faz tudo que se pode esperar de uma cantora profissional e bem-treinada, se dando bem nas transições, notas mais longas, gritos, enrolações (aqueles "uôôôôu uáááá iéaaaaaaah humm ieeeeeeeeeeee"), etc. É verdade que também há bastante exibicionismo da parte dela, como se ela estivesse desesperada pra impressionar os jurados do The Voice, mas pelo menos não é uma coisa que soa forçado ou exagerado, mas sim apenas uma cantora que não tem vergonha de assumir que tem um dom e que sabe usá-lo bem. Os melhores momentos do disco certamente são os solos ou os finais das músicas, onde o instrumental e Sari continuam a canção sem parar, indo em frente, se repetindo e se alongando até enjoar, até que a bateria e as notas deem seus últimos suspiros e enfim, terminem. De uma forma geral, "A Force of Nature" é um disco bem fácil de assimilar e de se apegar, e deve agradar até os que nem são tão ligados em Rock. É uma força da natureza arrebatadora, como o próprio título diz.
Faixas:
01. Ain't Got No Money
02. Aunt Hazel
03. Damn The Reason
04. Cat And Mouse
05. Black Betty
06. Work No More
07. Demolition Man
08. Oklahoma
09. Letting Go
10. Kiss Me
11. Stop, In The Name Of Love
12. Ordinary Life

Banda: Purson
Álbum: Desire's Magic Theatre
Estilo: Rock Psicodélico

A partir daqui, as coisas começam a ficar mais estranhas, diferenciadas e lisérgicas. "Desire's Magic Theatre" passa muito bem a sensação de estar no País das Maravilhas, pois é repleto de músicas impossíveis de prever seus rumos e sonoridades. Os músicos tradicionais (baixista, guitarrista e baterista) ancoram nossos ouvidos na sonoridade clássica do Rock, mas executam melodias e andamentos que fogem totalmente do esperado, remetendo às vezes ao experimentalismo que era tão comum nas bandas de Rock Progressivo de outrora. Nesse caso, o Purson é bem mais sucinto, sua viagem não se estende por tanto tempo. Os teclados (teclado Wurlitzer, órgão, mellotron) também contribuem bastante para o efeito alucinógeno, reverberando sons vibrantes. Nossa única guia nessa viagem astral é a voz de Rosalie Cunningham, que cativa desde o primeiro segundo que a ouvimos por ser dona de um timbre marcante e imponente, mas afável ao mesmo tempo. E nem ela escapa da psicodelia, às vezes sua voz é tratada com efeitos que a deixam distorcida e meio tenebrosa em certos momentos. E por tudo que este autor está descrevendo, parece um disco caótico e difícil de ser assimilado, mas é justamente o contrário! Apesar de toda sua imprevisibilidade e doideira, as músicas fluem com muita leveza e graciosidade, sendo até apaixonante. É uma experiência nova e cômoda ao mesmo tempo. E o álbum ainda adquire um status maior de importância por ser o último trabalho da banda em vida, já que ela terminou em 2017. É bem triste para os fãs do Rock psicodélico progressivo e criativo, mas vamos esperar que os músicos ressurjam com outras bandas e projetos no futuro.
Faixas:
01. Desire’s Magic Theatre
02. Electric Landlady
03. Dead Dodo Down
04. Pedigree Chums
05. The Sky Parade
06. The Window Cleaner
07. The Way It Is
08. Mr Howard
09. I Know
10. The Bitter Suite

Banda: Ananda Mida
Álbum: Anodnatius
Estilo: Rock Progressivo setentista

A Itália não produz apenas Metal melódico, às vezes ela também lança bandas versadas no Rock complexo e chapado de ácido! Nascido em 2013, o Ananda Mida lança seu primeiro trabalho em 2016 e disponibiliza ele gratuitamente pelo BandCamp (por sorte, todas as bandas de Rock deste artigo tem BandCamp ou tem seu álbum inteiro no YouTube). E esse é o tipo de disco que não funciona pra quem é impaciente e não imerge com facilidade em músicas longas, cujo instrumental não tem pressa de chegar a algum lugar ou cumprir logo um objetivo, tipo chegar logo no refrão, ou no final da canção, pra próxima começar. Apenas relaxe, sinta a música, aproveite o tempo e se delicie com canções que conseguem se sustentar por minutos a fio sem a presença de um vocalista. Tem um vocalista aqui sim, ele tem seu lugar muitas vezes, mas no fim ele é só mais um elemento no meio desse mar de sons e melodias, oferecendo versos tão facilmente memoráveis quanto riffs e linhas melódicas (dá pra ficar com "And I'm dreaming of drowning" por muito tempo na cabeça). E elas canções podem funcionar tanto como entretenimento e sonzinho ambiente, quanto como objeto de admiração, graças a complexidade que está por trás daquela vibe agradável e envolvente na sua superfície. Àqueles que querem saber como é uma banda clássica com órgão, sintetizador, composições diferenciadas, e agir como um legítimo tiozão viciado em Uriah Heep e Jethro Tull, "Anodnatius" é uma ótima pedida.
Faixas:
01. Aktavas
02. Lunia
03. Kondur
04. Anulios
05. Passavas (instrumental)
06. Ors
07. Askokinn
08. Heropas
09. Occasion

Banda: Buddha Sentenza
Álbum: Semaphora
Estilo: Rock Psicodélico Progressivo Instrumental

Se você aguentou o disco anterior, talvez aguente este que tem a total ausência de voz. Mas calma, que esse quinteto alemão se sustenta muito bem sozinho, tendo como alicerces uma cozinha bem presente, um teclado que ecoa notas vibrantes e que dão a ambientação lisérgica, guitarras que apresentam melodias, distorções e notas cortantes, e é claro, muita virtuosidade e talento pra juntar tudo isso num trabalho que consegue ser consistentes e calculadamente maluco. Falando em calculadamente, o profissionalismo desse álbum é digno de nota, mesmo as partes mais barulhentas onde todos os sons ecoam juntos, dá pra identificar qual som é qual. Também é notável a escolha da banda de sempre ter partes mais agitadas e doidas, e partes mais calmas e serenas, o que além de fornecer diversidade pras canções e mostrar que mandam bem nos dois polos, também não enfastia o ouvinte, não deixando-o cansado com o mesmo tipo de frenesi ou serenidade o tempo todo. Mas você só vai perceber tudo isso se tiver paciência pra ouvir música instrumental, porque do contrário, pode passar longe do "Semaphora". Mas cuidado pra não ser atropelado. (hahahahaha entendeu? "Semaphora", trânsito, atropelamento, cadeira de rodas, ehr...)
Faixas:
01. Jet
02. Greek Ancestry
03. Kréèn
04. Laika
05. Blood Rust
06. The End Is Coming, We'll Take It From Here

Banda: Cambrian Explosion
Álbum: The Moon
Estilo: Stoner Rock Psicodélico quase Instrumental

Agora chegamos no terreno que este autor queria, que é do Stoner, o Rock cadenciado e relativamente mais lento que impregna nas mentes que desejam algo mais atmosférico, mas sem ser necessariamente melancólico ou sombrio. Caso o leitor não saiba, existem dezenas de bandas de Stoner por aí, e a maioria delas é igualzinha uma a outra! Parece que todo mundo plagiou de todo mundo. E é claro que o profeta só mostra o melhor, o que se destaca dos demais, e é o caso desse álbum. A voz que há nele é pouco presente, mas quando aparece, aparece como um eco longínquo e misterioso, o que contribui bastante pra essa ambientação mais grave. O instrumental também não dispensa a timbragem mediana de teclados e guitarras, que sempre aparecem pontuando notas melodiosas, ou alongadamente distorcidas, ou os dois. Ele também não dispensa momentos mais agitados, dando a energia que as canções precisam pra não ficarem estagnadas. A canção mais acessível de "The Moon" talvez seja a primeira mesmo, que dita o tom logo de cara, é trabalhada numa melodia repetitiva e viciante, e com um vocalista entoando os versos de um jeito que dá pra se apegar facilmente, pois revira a nossa caixa de memórias e remete a tempos mais remotos, dando a impressão de que já ouvimos algo assim antes. E talvez já tenhamos mesmo. Esse é o tipo de sentimento que o Stoner Rock tem a oferecer.
Faixas:
01. Selene
02. Looming Eye
03. Mugen = Mugen
04. Innocuous Creatures
05. Crust of Theia

Banda: Elephant Tree
Álbum: Elephant Tree
Estilo: Stoner Rock

Agora lascou foi tudo, chegamos ao fundo do poço. "Elephant Tree" não é um disco melancólico e soturno como o Sunface, mas é o mais profundo desta categoria. Aqui vamos encontrar um ritmo totalmente desacelerado, com alguns breves momentos mais intensos, a ausência de timbres mais agudos ou de um tecladinho anos 70 pra quebrar um pouco a cadência, e um vocalista de tom mediano entoando palavras e vogais alongaaaadamente. Tudo isso cria o clima perfeito pra imersão do nosso cérebro nas ondas sonoras dessa banda atmosférica. Ela ainda tem pegada e partes mais claras, mas geralmente não servem pra deixar as canções mais agitadas, e sim mais intensas e fortes nos nossos ouvidos, destacando-se aí o baixo que não possui nenhum resquício de timidez. É possível viajar bastante nesse som e não ter sono ou tédio. Se fosse outra banda de Stoner, menos original e mais padronizada, o som acabaria cansando a gente e já estaríamos no nosso quinto sono, mas felizmente não é o caso aqui. Esta árvore elefante representa muito bem esse subgênero do Rock dotado de graveza pujante.
Faixas:
01. Spore
02. Wither
03. Dawn
04. Circles
05. Aphotic Blues
06. Echoes
07. Fracture
08. Surma

Banda: Black Rainbows
Álbum: Stellar Prophecy
Estilo: Stoner Rock Psicodélico

Vamos colocar mais acidez nesse clima Stoner com este trio italiano, que mantém o ritmo mais desacelerado, mas adiciona energia e animação, com um vocalista entusiasmado, um tecladinho setentista, uma guitarra que dá o ar de sua graça aguda, e o baixo mais perceptível que você ouvirá na vida! Além dessas qualidades, o Black Rainbows se destaca por ter uma atitude quase Hard Rock em alguns momentos, mas ainda trabalhando sob a cadência. Outros elementos notáveis são o chiado que os instrumentos emitem (e que na verdade é comum nesse gênero), o tratamento que dão à voz do vocalista, que parece ficar aquém dos instrumentos e é ecoada, produzindo um efeito peculiar, e o elemento mais destacável: um sonzinho agudo que parece de rádio com transmissão ruim, que sei lá como é produzido, mas é... "bonitinho", é interessante como ele é versátil. Enfim, "Stellar Prophecy" oferece animação e agitação a um estilo comumente menos enérgico.
Faixas:
01. Electrify
02. Woman
03. Golden Widow
04. Evil Snake
05. It's Time to Die
06. Keep the Secret
07. The Travel

Banda: Red Fang
Álbum: Only Ghosts
Estilo: Stoner Rock/Metal

Agora vamo colocar energia de verdade nessa budega! Esse disco apareceu em seletas listas de melhores de 2016, e como ninguém nunca ouviu falar nessa banda, imediatamente já julgamos como um disco que é superestimado pelos críticos, só porque é meio diferentezinho. O profeta acredita que esse pré-julgamento procede um pouco, pois "Only Ghosts" é realmente diferenciado, tem músicas com estruturas não-convencionais, e tem até três vocalistas, cada um estrelando uma música! Este autor ousa dizer que esse disco soa meio Alternativo e Indie algumas vezes. Mas essas peculiaridades todas não incomodam ou afastam os ouvidos mais tradicionais, longe disso. Só fazem o ouvinte demorar um pouco pra se acostumar com essa pegada, obrigando ele a ouvir as músicas mais vezes, pra elas não parecerem tão instáveis e desajustadas como parecem ser na primeira audição. Quando enfim embarcamos nessa empreitada, descobrimos que "Only Ghosts" é um trabalho pesado, aposta em estruturas e melodias diferentes, e por fim, entretém e convida a repetir algumas faixas, como "Cut It Short" que tem essa levada mais alternativa, "The Smell of The Sound" que é bem significativa, "The Deep" que é... boa... de um jeito estranho... Bom, esse álbum todo é bom de um jeito estranho.
Faixas:
01. Flies
02. Cut It Short
03. Flames (instrumental)
04. No Air
05. Shadows
06. Not for You
07. The Smell of the Sound
08. The Deep
09. I Am a Ghost
10. Living in Lye
Faixas bônus da edição deluxe:
11. Dumb Guy
12. One Hit Two Hit

Banda: King Hiss
Álbum: Mastosaurus
Estilo: Stoner Metal

Se o Red Fang não fosse diferentão, provavelmente soaria como esse disco. Aqui nós temos um trabalho mais consistente em termos de tom e estrutura, com as composições se aproximando um pouco mais das convenções, mas sem deixar de receber influências de outros estilos. Alguns riffs parecem de Thrash Metal, o tom lembra um pouco o Hardcore, a forma de cantar é... é da banda mesmo, entre outras coisas. Em geral, as canções tem um ritmo mediano, mas empolgam pelo carisma e força da voz do vocalista e pelo peso da cozinha, que é curta e grossa, tendo uma pegada bruta e forte. Só tem um probleminha nesse disco, que é ele começar bem mal com a música "Homeland", que não é nem de longe um bom abre-alas. Seria melhor essa faixa estar no meio do álbum, deixando ele ser aberto pela "Tourniquet", essa sim é boa e mostra bem o conceito de "Mastosaurus". E ele também termina em ponto alto, com uma música que nem é de Rock nem Metal, é uma melodia em tom grave de piano que, caramba, dependendo do estado de espírito da pessoa, toca lá no fundo da alma. Mas pra quem tá tranquilão, vai parecer uma boa trilha sonora de um jogo tenso, com o cenário inteiro inspirando perigo pro jogador.
Faixas:
01. Homeland
02. Tourniquet
03. Black Sea, Slow Death
04. We Live in Shadows
05. Mastosaurus
06. Stuck in a Hole
07. Egomaniac
08. Renegade
09. Killer Hand
10. Requiem for the Lost

Banda: The Vision Bleak
Álbum: The Unknown
Estilo: Doom Metal

O The Vision Bleak é na verdade uma dupla alemã, composta por Konstanz que é vocalista, baterista e tecladista, e Schwadorf, que é vocalista (também), tecladista (também), guitarrista e baixista. E sim, eles contratam uns músicos aí quando vão tocar ao vivo, porque eles levam seu projeto a sério, não são como certos VARGabundos que tem por aí. Essa "banda" nasceu em 2000 e já lançou cinco álbuns sem contar esse, e mesmo com essa experiência no currículo, e essa peculiaridade de ser uma dupla, não conseguiu relevância até hoje por razões desconhecidas. Porque se os outros álbuns são do nível desse, as pessoas não sabem o que estão perdendo! O profeta rotulou esse álbum como Doom Metal, mas a própria banda prefere se chamar de "Horror Metal", porque suas composições não seguem um estilo musical específico, mas sim um conceito "estético", a proposta de fazer música sombria. Então vão ter músicas mais extremas, outras mais atmosféricas, outras mais convencionais, o que esse dueto achar que combina mais, ou que é mais apropriado pra cada caso. Falando nisso, ambos os vocalistas tem a voz grossa, mas um é mais teatral e outro mais gutural. Então ouça "The Unknown" pra ver qual música e qual pegada você mais se identifica!
Faixas:
01. Spirits of the Dead
02. From Wolf to Peacock
03. The Kindred of the Sunset
04. Into the Unknown
05. Ancient Heart
06. The Whine of the Cemetery Hound
07. How Deep Lies Tartaros?
08. Who May Oppose Me?
09. The Fragrancy of Soil Unearthed

Banda: Helstar
Álbum: Vampiro
Estilo: Heavy Metal

Vamos combinar que headbangers são seres chatos? Eles sempre reclamam de tudo, botam defeito aonde não tem, e implicam com detalhes insignificantes e irrelevantes. Mas isso é devido ao seu alto nível de exigência e expectativa que são colocadas sobre os ombros das bandas. E essa atitude toda é culpa delas próprias, porque quem mandou elas serem boas?! Se elas fossem medianas ou "meh", o público não seria assim tão exigente, se contentaria com qualquer coisa mesmo! Enfim, por causa dessa exigência toda, é raro que a maioria dos headbangers tenha a mesma opinião sobre alguma coisa... E foi um "Vampiro" que conseguiu fazer isso! Todo mundo que ouviu esse disco, concorda que ele é excelente! Estamos testemunhando um milagre, irmãos!!! Aleluia!!! Mas vamos entender esse fenômeno melhor: o Helstar é uma banda texana que pouquíssima gente conhece, nascida em 81 e com nove discos na bagagem, todos (exceto um) muito bem avaliados. E neste décimo lançamento, a banda incorporou o espírito de King Diamond e fez um disco conceitual, dedicado a falar dessa criatura das trevas e toda a mitologia que a rodeia. O resultado é simplesmente impecável. O vocalista é versátil, o instrumental sempre surpreendente, as guitarras... o que são essas guitarras?! As letras são muito bem feitas e musicais (sim, porque tem letras que são bem forçadas pra caber na métrica e tal), enfim, é tudo executado no mais alto nível. "Vampiro" é uma rara unanimidade que, vejam só, não é burra!
Faixas:
01. Awaken Unto Darkness
02. Blood Lust
03. To Dust You Will Become
04. Off With His Head
05. From The Pulpit To The Pit
06. To Their Death Beds They fell
07. Malediction (instrumental)
08. Repent In Fire
09. Abolish The Sun
10. Black Cathedral
11. Dreamless Sleep

Banda: Attacker
Álbum: Sins of the World
Estilo: Heavy Metal

Assim como o Helstar, o Attacker é outra banda estadunidense de Metal tradicional nascida nos anos 80, e as poucas pessoas que a conhecem, valorizam bastante. Este álbum justifica o porquê dessa reverência, pois apresenta um som extremamente old-school, mas que passa extremamente longe de soar datado. Além de exibir músicos em sua plena forma e inspiração, o profeta ousa dizer que "Sins of The World" pode muito bem se passar por um disco remasterizado de NWOBHM, porque tem uma sonoridade bem característica desse "movimento", soando como se fosse a junção do vigor e melodia do Iron Maiden com a atitude e sagacidade do Judas Priest. Isso é feito com um vocalista habilidoso que canta em vários tons, com letras falando de histórias, mitologias, fantasia e destruição (normal), riffs agressivos tocados daquele jeito rápido e arrastado, que depois contrastam com a guitarra melódica e afiada que protagoniza solos empolgantes, enfim, uma aula prática de como fazer Metal raiz, sem invencionices e modernidades, apenas com a sua essência mantida e executada com primazia.
Faixas:
01. A Time Before the Darkness
02. Sins of Man
03. Carcosa
04. Garuda
05. We Rise
06. World Destroyer
07. Choice of Weapon
08. Archangel
09. By the Will of Crom
10. Where the Serpent Lies

Banda: Iron Bastards
Álbum: Iron Bastards
Estilo: Heavy Metal

Tá com saudade do Motörhead? Então vai gostar dessa banda, porque ela é igualzinha à finada! É um som de pegada forte, riffs sujos e rápidos, um vocalista que assusta por ser tão rouco quanto o próprio deus Lemmy, e músicas extremamente simples, seguindo a máxima do "menos é mais". E é basicamente isso, não há mais o que dizer! Apenas que esse disco é igualzinho aos álbuns menos consagrados do Motörhead. Isso porque o álbum é bem homogêneo, não tendo nenhuma faixa que se destaque, ou que seja um arrasa-quarteirão. A que mais se aproxima de ser um hit é "Vintage Riders", que ganhou um videoclipe. Mas esses bastardos de ferro ainda tem muita estrada pela frente, quem sabe no futuro façam um sucessão com uma música boazona.
Faixas:
01. Fast & Dangerous
02. The Code Is Red
03. Rock O-Clock
04. The Princess & the Frog
05. Out of Control
06. The Wise Man
07. Born on the Wrong Side
08. Sarcasm
09. Ballbreaker Number One
10. The Snake In The Sky
11. Vintage Riders
https://ironbastards.bandcamp.com/album/fast-dangerous

Banda: Sinbreed
Álbum: Master Creator
Estilo: Heavy Metal Empoderado pelo Senhor

O Metal tem a sua própria música Gospel, mas os metaleiros a conhecem como Viking ou Folk Metal. Ou por meio de qualquer banda que exalte Odin e a mitologia nórdica. Mas vez ou outra aparecem algumas falando de Cristianismo, mas tirando a parte de Satanás. Essas são bem raras, só conseguimos lembrar de umas poucas: tem o Stryper, que toca Hard Rock melódico e meio brega, o Theocracy, que toca Power Metal Progressivo, que o tom pode não agradar a todos, tem também dúzias de bandas de "White Metal", que na verdade são de Metalcore ou Alternativo, e tem essa agora, que tem mais chances de agradar a todos! Ou mais especificamente aqueles que curtem uma pegada mais tradicional e parecida com a sonoridade atual do Accept. De qualquer forma, "Master Creator" realmente pode satisfazer vários gostos, primeiro porque suas letras não são panfletárias e nem ficam falando de Jesus e Deus toda hora, elas estão mais pra metáforas, boas mensagens, conselhos, encorajamento e a busca por "algo mais". E segundo porque... é bom pra cacete! Ops, perdão pelo palavreado, Senhor. É bom para caramba! As letras são grandes, mas encaixam bem no ritmo sem soarem forçadas, e o instrumental é calcado nas virtudes agressivas e cruas do Metal tradicional, com batidas e riffs rascantes, um vocalista habilidoso que canta num ponto entre o rasgado e melódico, e um investimento considerável nas guitarras, que são bem virtuosas, melódicas e ágeis. Ah, também tem um teclado pra acompanhar e fortalecer a melodia. Pois é, a palavra "melodia" já apareceu três vezes nessa resenha, pra mostrar como esse disco tem um pezinho no Power Metal, mas em essência, é METAL. Praqueles que não são cristãos, "Master Creator" é um disco de Metal carismático e muito bem desenvolvido. E pros cristãos, o SinBreed é uma banda que felizmente não é brega nem melódica demais, aleluia!
Faixas:
01. Creation of Reality
02. Across the Great Divides
03. Behind a Mask
04. Moonlit Night
05. Master Creator
06. Last Survivor
07. At the Gate
08. The Riddle
09. The Voice
10. On the Run

Banda: Hellyeah
Álbum: Unden!able
Estilo: Metal alternativo hardcorizado

O Hellyeah é uma banda que aparece de vez em quando nos sites especializados, graças aos seus poucos fãs que são atraídos pela sua sonoridade, que não é bem Metal, mas é pesado e ágil, então é bom. Na opinião deste autor, era uma banda que tava mais perdida que o John Travolta na casa da Beatrix morena, que não sabia qual rumo seguir, só sabia que queria tocar pesado e pronto. Mas aqui em "Unden!able" a banda finalmente se encontrou e apresentou um álbum com pegada violenta, impactante e velocíssima. O tom grave e o dinamismo infernal que as músicas tem é admirável, e não é só por causa do instrumental de tons baixos e que está ligado em 220, é também graças ao vocalista que parece um rapper regurgitando um monte de palavras ininterruptamente, só parando quando quer gritar e berrar forte. Sem dúvidas é um dos discos mais enérgicos e eufóricos de 2016, é correria do começo ao fim.
Faixas:
01. ! (introdução)
02. X
03. Scratch a Lie
04. Be Unden!able
05. Human
06. Leap of Faith
07. Blood Plague
08. I Don't Care Anymore (cover do Phil Collins)
09. Live or Die
10. Love Falls
11. 10-34 (interlúdio)
12. Startariot
13. Grave

Ufa! Isso não estava nos planos deste autor, mas certamente estava nos de Deus Metal, que fez com que a Retrô 2016 começasse e terminasse com Rock clássico. E um pouco de Metal no fim, porque sim. O profeta agradece aos três ou quatro leitores que acompanharam até o fim a retrospectiva mais atrasada que salário de servidor público do Rio. Ainda tem a última parte, que não vai ter nenhuma resenha, e que ninguém precisa ler, mas este autor vai terminar de se despedir por lá. Adeusmetal.

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