13/01/2017

Retrô 2016: Deepness

Preparado para ascender a um estado inferior de consciência? Sim, ascender ao inferior, pois nesta  segunda parte da retrô 2016, vamos explorar álbuns que capturam o espírito de 2016, esse ano cheio de desgraças, e mostrar o que houve de melhor na música profunda, melancólica, reflexiva e existencial. Não necessariamente triste, mas certamente de deixar a pessoa com uma sombra nos olhos, que nem os personagens daqueles desenhos chineses.

Só pro leitor ficar sabendo, esta categoria foi a mais difícil de organizar até agora, porque este autor percebeu que alguns discos simplesmente não se encaixavam nessa climatização única e profunda que este autor idealizou. Algumas delas foram boas o bastante pra serem colocadas como indicações extras. Outras, este autor repensou e viu que não eram tão boas assim, mesmo dentro da sua própria proposta. Como o novo disco do Delain, por exemplo, que pesou muito a mão na sua parte sinfônica e deixou as músicas muito inchadas. No fim, este autor praticamente refez a retrô completamente, mas finalmente chegou num resultado satisfatório. Esse resultado, você confere agora:

Retrô 2016: Deepness

Artista: Zakk Wylde
Álbum: Book of Shadows II
Estilo: Acústico

Aqui deixamos de lado o Heavy Metal imponente do Black Label Society para ver outra faceta de Zakk Wylde, uma faceta sensível, melódica, melancólica e profunda. Com influências do Country e Southern Rock e recheado de feeling, esse disco é tudo que você precisa naquele dia chuvoso e sombrio: músicas calmas, tocantes e luminosas, compostas por baixo e bateria discretos, um órgão hammond emocionante ao fundo e um backing vocal de vez em quando para acompanhar o violão e voz de Zakk, que lamenta sobre seus devaneios, desejos e coisas da vida. Em mãos menos habilidosas, as canções certamente seriam entediantes, mas Zakk consegue mostrar como é versátil e virtuoso nessas 14 faixas que passam leves como a brisa que agita levemente as folhas das árvores. "The Book of Shadows II" é um trabalho tocante que merece uma conferida.
Faixas:
01. Autumn Changes
02. Tears of December
03. Lay Me Down
04. Lost Prayer
05. Darkest Hour
06. The Levee
07. Eyes of Burden
08. Forgotten Memory
09. Yesterday’s Tears
10. Harbors of Pity
11. Sorrowed Regret
12. Useless Apologies
13. Sleeping Dogs
14. The King

Banda: Katatonia
Álbum: The Fall of Hearts
Estilo: Ehr... Rock... Progressivo?

Antigamente era mais fácil rotular o Katatonia, porque tocava um Death Doom Metal bem característico. Agora é difícil dizer... Este autor rotulou como Rock Progressivo porque se focou nas técnicas utilizadas, nas composições com variações de ritmo e estrutura, e clima introspectivo que algumas bandas de Metal Progressivo novas estão demonstrando mais atualmente. Mas essas são as especificações técnicas, porque o que realmente caracteriza esse novo registro do Katatonia, é o seu clima extremamente suave, denso e etéreo, que surpreendentemente não se utiliza de um tom cadenciado ou sombrio, nem mesmo de um ritmo lento e arrastado. Qualquer banda usaria esses recursos pra conseguir ser profunda, tocante e introspectiva, mas não o Katatonia, não este álbum. Ele tem o peso na medida certa, tem a criatividade nos arranjos e melodias, e transmite um sentimentalismo distinto e de magia indecifrável. Por conta disso tudo que "The Fall of Hearts" é considerado um dos melhores lançamentos de 2016.
Faixas:
01. Takeover
02. Serein
03. Old Heart Falls
04. Decima
05. Sanction
06. Residual
07. Serac
08. Last Song Before the Fade
09. Shifts
10. The Night Subscriber
11. Pale Flag
12. Passer
13. Vakaren