30/12/2016

Retrô 2016: Gems

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA FINALMENTE!!! A Bíblia tem orgulho em apresentar o retorno da saudosa e querida Retrô, desta vez reunindo o que houve de melhor, maior, ou no mínimo, interessante no ano de 2016! Porque se este ano foi horrível em dezenas de aspectos, não foi horrível na Música, muito menos no Rock. E no Metal, menos ainda! Sim, porque hoje em dia tem mais banda de Metal fazendo sucesso do que de Rock.

Então pra fugir um pouco dessa tendência, este primeiro artigo vai resenhar bandas e álbuns com uma sonoridade mais "raiz". Você já deve ter ouvido falar (ou não) da onda retrô-revival-vintage-clássica-etc que está acontecendo atualmente, que consiste em várias bandas novas resgatando a sonoridade dos anos 60/70, que trazendo o Rock classudo para os novos tempos, e conseguindo a façanha de não soarem datadas ou ultrapassadas, nem de serem consideradas cópias mal-feitas que só querem pagar de "vintage". Pra falar a verdade, este autor nem sabe ao certo se existe mesmo uma onda retrô acontecendo. É possível que sempre tenham existido bandas "retrô" dentro do underground, e que só agora as gravadoras e a mídia especializada tenha prestado atenção e resolvido propagandeá-las. Ou então realmente surgiu um maior número de bandas retrô, em comparação aos últimos anos... Enfim, se essa onda é fabricada ou não, o que importa é que os estão aí pra serem curtidos e apreciados.

Apreciados principalmente por VOCÊ! VOCÊ aí, que tá acostumado ao metáu pezado, VOCÊ que, quando perguntam que bandas de ROCK você gosta, você sempre fala Metallica, Iron Maiden e SlipKnot! VOCÊ que já tá acostumado a pedal duplo e gritos lancinantes, VOCÊ que não tá acostumado a ouvir bandas mais lentas que Angra, VOCÊ PRECISA DESTE ARTIGO! Você precisa conhecer as suas raízes, saber das suas origens e respeitar os mais velhos!

Falando nisso, vale a pena fazer um glossário, caso alguém não saiba o que certos estilos ou expressões querem dizer.
  • Rock Psicodélico: quando a banda de Rock clássico tem timbres agudos e vibrantes, com notas geralmente alongadas e contínuas, além de distorcidas. A banda fica mais psicodélica ainda quando usa e reproduz sons e efeitos mais inconvencionais e experimentais.
  • Space Rock: quando a banda de Rock clássico investe demais nesses sons e efeitos malucos e experimentais. Algumas delas até resolvem apelar pra efeitos sonoros que lembram filmes de ficção científica. O que faz o "Space" do "Space Rock" fazer ainda mais sentido.
  • Stoner Rock: quando a banda de Rock clássico tem som mais cadenciado (mais grave) e ritmo mais desacelerado. Geralmente tem um vocalista de timbre mais grave.
  • Groove: De forma bem ignorante e direta, é o som marcante e potente do baixo, que marca e reverbera na música.
    "Groove" também pode ser usado como sinônimo pra "vibe", "feeling", "clima", "levada", "pegada". Mas não este autor nem gosta desse termo, então ele vai usar bem raramente.
Agora chega de enrolação!


Retrô 2016: Gems

Banda: Blues Pills
Álbum: Lady In Gold
Estilo: Soul Rock

Uma das maiores revelações dos últimos anos, o sueco Blues Pills estreou seu disco homônimo em 2014 e foi um sucesso absoluto de crítica e público, recebendo elogios pela sua sonoridade calcada no Blues e pela admirável performance da vocalista Elin Larsson e pela habilidade do guitarrista Dorian Sorriaux. Se quiser saber mais, tome aqui a resenha que este autor fez ano passado sobre a banda. Agora em "Lady In Gold", em vez de continuar tocando Blues Rock, ela calca sua sonoridade no Soul, compondo um álbum super bem-produzido e cheio de profissionalismo. Essa mudança tem um lado positivo e negativo: o negativo, é que o Blus Pills não registra aqui a espontaneidade e organicidade que a consagrou no primeiro álbum, o que com certeza vai afastar os ouvintes que mais se apegaram à sua simplicidade e carisma naturais. O lado positivo, é que a banda mostra versatilidade e bastante coragem ao mostrar que pode experimentar e tocar o que quiser, sem perder o talento - e sem se amarrar à obrigação de cumprir expectativas. Tudo é uma questão de se adaptar ao estilo único do disco, às suas composições diferenciadas, aos coros, ao tecladinho, etc. Se não conseguir fazer isso, vai achar "Lady In Gold" enfadonho e cheio de excessos. Mas se conseguir, vai poder apreciá-lo como uma obra brilhante e cheia de estética, se divertindo com os pontos altos do disco, que são "Little Boy Preacher", "Bad Talkers", "You Gotta Try" e "Elements and Things", sem contar a dobradinha emocionante e melódica de "I Felt a Change" e "Gone So Long". Além, é claro, da faixa-título que abre o disco com pompa e apresenta o tom adotado pela banda. "Lady In Gold" é pegar ou largar.
Faixas:
01. Lady in Gold
02. Little Boy Preacher
03. Burned Out
04. I Felt a Change
05. Gone So Long
06. Bad Talkers
07. You Gotta Try
08. Won't Go Back
09. Rejection
10. Elements and Things

Banda: Blackberry Smoke
Álbum: Like An Arrow
Estilo: Southern/Country Rock

Desde 2000, o Blackberry Smoke se empenha em tocar um Rock caipira de alto nível. E este álbum mantém essa tradição, apresentando canções despretensiosas e divertidas, graças ao instrumental inspirado e ao vocal carismático que faz a gente cantar junto os refrões, como nas canções "Sunrise In Texas", "Ain’t Gonna Wait" e a faixa título. Outros destaques são "Let It Burn" e "What Comes Naturally" que são divertimento puro, "Waiting For The Thunder" que é a mais pesada e com pegada, e "Believe You Me" que flerta com o Funk (não o Carioca, pelamor) e é simplesmente um show. Tem também a "The Good Life", que é melódica e suave, e representa bem aquela imagem que criamos do caipira pai passando conselhos da vida ao caipira filho. Enfim, a banda se sai bem em todas as frentes, fazendo de "Like An Arrow" um álbum que vale a pena ser apreciado enquanto deitamos na rede e admiramos as nuvens passando lá em cima, como um legítimo capiau de bem com a vida.
Faixas:
01. Waiting for the Thunder
02. Let It Burn
03. The Good Life
04. What Comes Naturally
05. Running Through Time
06. Like an Arrow
07. Ought to Know
08. Sunrise in Texas
09. Ain’t Gonna Wait
10. Workin’ for a Workin’ Man
11. Believe You Me
12. Free on the Wing (part. Gregg Allman)

Banda: Ulysses
Álbum: Law and Order
Estilo: Rock and Roll com certos experimentalismos

Diferentemente de todas as bandas dessa lista que se inspiraram na sonoridade vintage e a psicodelia ácida, este terceiro álbum do quarteto britânico Ulysses realiza a deliciosíssima união entre aquela sonoridade retrô de estética alegre e ingênua (mais presente nos grupos de Surf Music), ao Rock mais pesado e de atitude de bandas de 70, como Sweet, Slade e Humble Pie. E pra completar, também tem vocalistas que transmitem a mesma vibe dos Beatles! O resultado dessa proposta são 12 músicas extremamente viciantes e agradáveis que te divertem pra valer e te fazem ficar sorridente de bochechas vermelhas, que nem as pessoas das propagandas antigas. E tem mais um detalhe aí: é visível que a banda já acumulou certa experiência e consistência, então ela sempre insere elementos que incrementam ainda mais as músicas, dando a cada uma delas um toque especial. As escolhas que ela faz pra cada uma são muito intrigantes. Elas podem ser bem simples e divertidas como "Law and Order" até cheias de nuances e experimentações, como "Song That Has To Be Sung". Mas absolutamente TODAS as músicas são boas e cativantes, é só escolher qualquer uma aleatoriamente, vamos lá. "Smiling"? Te faz mexer a cabeça de forma ritmada de um lado pro outro ou de cima pra baixo do começo ao fim. "Dirty Weekend"? Te faz se sentir de férias na praia (com roupa de banho listrada) e terminando o dia na farra de forma "dirty". "Typical Scorpio"? Ai, ele é típico escorpiano, possessivo, intenso, vingativo, (...) Impossível não ficar com a letra ecoando na cabeça. Enfim, se você não ficar feliz com esse álbum, você está morto por dentro! Aproveita que a banda tem clipe, bandcamp, e ouve!
Faixas:
01. Law and Order
02. Smiling
03. Lady
04. Crazy Horses Ride the Snake
05. Dirty Weekend
06. Mary Jane
07. Song That Has to Be Sung
08. Typical Scorpio
09. Come on This City’s Gone
10. Yellow Sunshine #1
11. Yellow Sunshine #2
12. How Long?

17/12/2016

Dobradinha: Blackfoot e Amaranthe


Como anunciado na página da Bíblia, este autor que vos fala irá fazer a tão amada e querida Retrô, edição 2016! Quem é leitor assíduo da Bíblia, já sabe do que a Retrô se trata, mas pra quem é leitor novo e não teve a oportunidade de verem a retrô acontecendo, e nem leu as versões antigas, aqui vai uma explicação: é uma série de artigos contendo várias resenhas de discos que foram lançados ao longo do ano anterior. E o passo a passo de confecção da Retrô é um negócio bem complicado:
  • Primeiro, o profeta procura quais foram os lançamentos do ano. Pra isso, ele 1) resgata da própria memória os álbuns que ouviu ao longo do ano, 2) consulta a lista que a Wikipedia estadunidense sempre faz de lançamentos do ano, e 3) faz uma pesquisa em sites/blogs de Rock e de downloads. Com essas informações, uma lista imensa de álbuns é preparada.
  • Segundo, pra não fazer um artigo gigantesco e infinito com dezenas de resenhas numa tacada só, o profeta separa as bandas por categorias, de acordo com seus subgêneros. Assim, cada subgênero tem seu próprio artigo.
    À propósito, por enquanto, só estão confirmadas duas categorias: a Ancient, que reúne bandas de Rock clássico (clássico clássico mesmo, daquele tipo que cheira a mofo), e a Greatest, que reúne os lançamentos que mais chamaram a atenção, os mais esperados, os mais comentados, os maiores dos maiores, independente do subgênero.
    É importante citar também que, pra poupar o trabalho do profeta, ele se recusa a resenhar mais do que 20 bandas pra cada estilo! Porque ele não é obrigado!
  • Terceiro, ele gasta até a última energia dos seus ouvidos pra escutar um monte de bandas. Essa etapa é feita simultaneamente ao...
  • Quarto passo, que é fazer as benditas resenhas. E nessa etapa, também é feito o trabalho de buscar informações adicionais, como os títulos das faixas, o processo por trás da composição do álbum, um breve histórico da banda, caso ninguém conheça ela, etc. E por fim, ainda há um...
  • Quinto passo, que é fazer modificações na lista, com a inclusão e retirada de bandas. Essas inclusões e retiradas são feitas por vários motivos que nem valem a pena serem citados, porque várias coisas podem acontecer, e cada caso e um caso.
Por exemplo, as bandas desta dobradinha foram retiradas da Retrô 2016 por motivos totalmente únicos, que você vai entender abaixo:


Blackfoot - Southern Native

Ano: 2016
Estilo: Hard Rock
Gravadora: Loud & Proud Records
Sobre a banda: Enquanto o profeta cumpria a quarta etapa pra resenhá-la, descobriu que ela já foi muito famosa na década de 70 e 80 tocando roque caipira Southern Rock, mas que agora, tá tocando Hard Rock. E descobriu também que ela teve o troca-troca de integrantes mais extremo do mundo, a ponto da sua formação atual não ter nenhum membro fundador! Bizarro, isso! A única vez que o profeta viu isso acontecendo, foi com o Stratovarius.
Por conta disso, ele pensou: "Será que eu pego o ônibus ou compro uma goiaba? vale a pena conferir esse disco? O intuito das Retrôs é o público conhecer bandas e acompanhá-las daqui pra frente, então dá pra confiar numa banda tão instável assim?".
Mas como ele estava precisando de bandas pra preencher a categoria Ancient costuma prestar mais atenção na obra da banda ao invés da própria banda (porque ela pode acabar depois, mudar de integrantes, enfim), o profeta quis dar um voto de confiança e deu uma conferida nesse troço.
Sobre o CD: Ele já tem o mérito de ser diferente por dois motivos: não tem um vocalista com voz de gralha, e não tem os clichês e padrões básicos do Hard Rock. Mas e as músicas, são boas? Sim, são. Menos a #3 e a #4, que são bem meia-boca. Mas fora elas, o álbum inteiro tem uma energia possante e envolvente, com peso e agilidade na medida certa pra nos deixar empolgados. E fica ainda melhor a partir da excelente balada "Take Me Home", pois as canções ficam ainda mais criativas e variadas, com levadas e sacadas diversas e inteligentes, que cativam do início ao fim. E o disco termina com "Diablo Loves Guitar", que é surpreendente por... não ter nada de Rock! É uma canção bem no estilo mexicano, com um violão e uma guitarra duelando pra ver quem tira o som mais bonito.
Enfim, "Southern Native" é um bom disco. Mas agora, você deve estar se perguntando: não está na Retrô 2016 por que?
É justamente porque essa banda parece ser muito instável, e este autor só quer indicar bandas com futuro garantido e promissor (ou que pareçam ter esse futuro). Em contrapartida, como o álbum é bom, vale a recomendação.
Faixas:
01. Need My Ride
02. Southern Native
03. Everyman
04. Call of a Hero
05. Take Me Home
06. Whiskey Train
07. Satisfied Man
08. Ohio
09. Love This Town
10. Diablo Loves Guitar



Amaranthe - Maximalism

Ano: 2016
Estilo: Rave Metal
Gravadora: Spinefarm
Sobre a banda: Ouvir Amaranthe sempre foi um exercício de mente aberta. E por mente aberta, este autor quer dizer "aceitar ouvir os estilos e sonoridades mais improváveis misturadas ao Metal". Nesse caso, o Amaranthe tem um vocal gutural, dois vocais limpos (feminino e masculino), peso e agilidade típicas do Metal, arranjos e notas luminosas, e por fim, sons eletrônicos. Tudo isso fez a banda ser rotulada como uma mistura de Power Metal com Death Metal Melódico com Metalcore com Metal Industrial com... Pop? Pois é, muita coisa. Mas seja lá qual for o estilo da banda, ela conquistou o gosto de muitos headbangers por aí com seu primeiro lançamento, e teve uma carreira incrivelmente sólida até hoje. Pelo menos até o momento...
Porque o disco "Amaranthe", de 2011, surgiu com essa mistura louca e agradou muita gente. "The Nexus", de 2013, já deu uma ligeira segurada no peso e agilidade, mas mantendo sua qualidade. Já "Massive Addictive" fugiu um pouco da agressividade e peso do Metal para focar mais em sonoridades melódicas, eletrônicas e pop. E agora...
Sobre o CD: "Maximalism" leva essa tendência de fugir do Metal ao extremo! Aqui vamos ouvir músicas mais melódicas e eletrônicas e com influências beeem mais Pop, e com menos peso e velocidade ainda. Ou seja, de Metal, esse disco tem... voz gutural... uma cozinha "pesada"... uma guitarra que só fica mais marcante em solos... e é basicamente isso! Pode-se dizer que esse é um disco de Extreme Europop, ou Eletro Hardcore, ou Pop Metal, ou Rave Metal, sei lá!
As primeiras quatro faixas são um tremendo susto, e o resto delas é tipo o disco anterior sendo revisitado e com mais liberdade pra mandar uns tuts tuts. O álbum também tem duas baladas, "Limitless" e "Endlessly", que são emocionantes. Aliás, todas as canções tem qualidade, são boas, poderosas e viciantes... se você curtir a pegada dele.
Caso curta, vai poder ouvir um som Pop eletrônico metalizado excelente, com músicas empolgantes e músicos que não perderam sua habilidade - especialmente Elize Ryd, com seus vocais sempre incríveis.
Masss, se não curtir, vai poder passar batido por "Maximalism", que não vai estar perdendo nada. E se você já conhecia a banda, esse disco pode sepultar o Amaranthe definitivamente pra você. E pode te causar UM POUQUINHO de interesse no futuro se, por acaso, o próximo disco for parecido com o primeiro álbum, NO MÍNIMO.
Bom, acho que nem precisa dizer porque raios esse disco tá fora da Retrô 2016, né?
Faixas:
01. Maximize
02. Boomerang
03. That Song
04. 21
05. On the Rocks
06. Limitless
07. Fury
08. Faster
09. Break Down and Cry
10. Supersonic
11. Fireball
12. Endlessly