Vamos conhecer agora o lado mais violento, agressivo, barulhento e caótico do Metal! Aqui teremos os principais destaques da música extrema, indo do Thrash ao Black Metal, passando por estilos compostos que são meio complicados de entender e identificar, mas que este autor vai ter a bondade de explicar direitinho, em vez de agir como esses sites de download que chamam a banda de Gothic Sludge Drone Groove Hiper Master Blaster Destructor 3000 Wild Metal Sinfônico Progressivo. Inclusive tem muitos discos aqui que não são de um gênero específico, mas sim uma mistura de dois estilos, ou até três! Isso acontece porque não são as bandas que se encaixam nos rótulos, e sim os rótulos que tentam definir e categorizar as bandas. As bandas tocam o que quiser, experimentam o que quiser, e são capazes até de misturar coisas impensáveis, como é o caso do Fleshgod Apocalypse ali em baixo. Então, pra saber como as bandas pesadonas se saíram, chega de enrolação:
Retrô 2016: Furious
Banda: Vektor
Álbum: Terminal Redux
Estilo: Symphony X com riffs Thrash Metal Progressivo com alma de Thrash Metal, ou vice-versa
O Vektor nasceu em 2004, e já nasceu idolatrado pelos críticos e pelos metaleiros que estavam sentindo falta de algo genuinamente inovador e diferente. O Vektor apareceu cumprindo essa demanda sendo uma banda progressiva, que investe em músicas longas, subverte as estruturas convencionais, compõe canções imprevisíveis, e tem uma grande complexidade musical e significância nas letras, já que, como se não bastasse, este álbum se dedica a narrar uma história espacial no melhor estilo ficção científica. Ah, e ainda tem um vocalista que tem a voz parecida com a do Abbath. Então é meio difícil de recomendar esse álbum pra alguém. Tipo, se você gosta de Thrash Metal, navezinhas, enrolação, e uma voz de velha coroca se arrastando... esse álbum é pra você!!! Mas falando sério, "Terminal Redux" é uma obra bem densa e difícil de ser assimilada, mas percebe-se que existe algo de bom no meio de tanta coisa intragável à primeira vista. As canções cumprem muito bem a missão de juntar técnica, melodia e criatividade numa base essencialmente acelerada e truculenta, e nada soa exagerado (dentro da sua proposta). É a teoria do "caos organizado" em sua plena forma. Vale destacar também alguns efeitos sonoros que remetem aos efeitos de filmes sci-fi, tipo "pew pew pew" e "vuuooooaaaash". Ok, aqui escrito, ficou ridículo, mas nas músicas, fica legal! Mas taí, pra quem acha que o Metal não tem nenhuma banda inovadora hoje em dia, algumas bandas como o Vektor são as que mais são destacadas e comentadas pelas mídias especializadas, provando que o estilo ainda não se consumiu totalmente. Ainda existem muitas possibilidades.
Faixas:
01. Charging Тhe Void
02. Cygnus Terminal
03. LCD (Liquid Crystal Disease)
04. Mountains Above Тhe Sun
05. Ultimate Artificer
06. Pteropticon
07. Psychotropia
08. Pillars Оf Sand
09. Collapse
10. Recharging Тhe Void
Banda: Insomnium
Álbum: Winter's Gate
Estilo: Death Metal Melódico depressivo
Você sabia que o Death Metal Melódico não é necessariamente uma banda de Death com um solo de guitarra melódico no meio da música? Não? Isso que dá ouvir só Arch Enemy e bandas que imitam o Arch Enemy. O Insomnium já dominou a arte do Death Metal sombrio e melódico com seus mais de 20 anos de experiência, e já tem alguns clássicos na sua discografia. Provavelmente este lançamento também se tornará clássico, pois além de capturar bem o estilo da banda, trata-se de um disco conceitual que narra a história de um grupo de vikings enfrentando o inverno pra alcançar uma ilha lendária localizada no oeste da Irlanda. Essa história é narrada também em um livro que vem junto do disco (com a linguagem em inglês, alemão e finlandês) e em audiobook. Agora falando da parte musical, "Winter's Gate" consiste numa música gigante de 40 minutos dividida em 7 partes (por isso as faixas são intituladas desse jeito, não é preguiça de inventar título), e delas emana uma aura gélida e intensa de dramaticidade, que toca o ouvinte, ao mesmo tempo que ele é bombardeado de um som possante, ágil e gutural. É de surpreender como essas duas sonoridades se encaixam e combinam, transmitem a ideia de que a profundidade e melodia não nos deixam em letargia, mas sim em inquietação. Quando você ouvir, vai entender.
Faixas:
01. Winter's Gate, Pt. 1
02. Winter's Gate, Pt. 2
03. Winter's Gate, Pt. 3
04. Winter's Gate, Pt. 4
05. Winter's Gate, Pt. 5
06. Winter's Gate, Pt. 6
07. Winter's Gate, Pt. 7
Banda: Dark Tranquillity
Álbum: Atoma
Estilo: Death Metal Melódico
Poucas bandas conseguem ter um nome tão auto-explicativo. O Dark Tranquility é um dos pioneiros do Death Metal Melódico, e junto com o disco acima, poderia muito bem estar na
Retrô Deepness, mas como esses discos foram considerados destaque no Metal extremo, este autor só está seguindo a boiada. Além de entoar riffs e notas cadenciadas, "Atoma" traz a peculiaridade de deixar em destaque as melodias de piano e teclado sintetizador, que emite notas eletrônicas sem nenhuma vergonha, só pra dar aquele toque especial na coisa. Outro destaque é o vocalista Mikael Stanne, que aproveita pra exibir seu vozeirão limpo e grave que recita os versos (e arrepia às vezes) e também seu rasgado de timbre médio pra cadaverizar as canções, fazendo a gente se lembrar de que estamos ouvindo Metal extremo agressivo e forte, que não se contém quando quer ser realmente poderoso, com a bateria frenética, riffs arrastados e atmosfera geral caótica. Mas a verdade é que essa simbiose entre melodia e agressividade não é perfeita, a melodia acaba se sobressaindo e desagradando aqueles que esperavam por uma fusão mais equilibrada. De todo modo, "Atoma" não deve ser ignorado, é um disco perfeito pra ouvir quando se está tenso e no seu estado de repouso ao mesmo tempo. É, humanos são meio complicados, conseguem ficar assim às vezes.
Faixas:
01. Encircled
02. Atoma
03. Forward Momentum
04. Neutrality
05. Force Of Hand
06. Faithless By Default
07. The Pitiless
08. Our Proof Of Life
09. Clearing Skies
10. When The World Screams
11. Merciless Fate
12. Caves And Embers
OBS: O disco "Winter Thrice" do Borknagar está I-DÊN-TI-CO a esse álbum!!! É impressionante a semelhança, ambas as bandas partiram de influências diferentes e chegaram no mesmo resultado!!! Se gostou desse do Dark Tranquility, vai gostar do Borknagar!
Banda: Fleshgod Apocalypse
Álbum: King
Estilo: Death Metal Sinfônico
O Fleshgod Apocalypse ganhou destaque na cena do Metal extremo há alguns anos por fazer algo que se julgava impossível: unir a melodia sinfônica à brutalidade do Death Metal. O MaYaN e outras bandas mais desconhecidas já se arriscaram nessa proposta, mas o Fleshgod foi a primeira que conseguiu relevância mostrando uma fórmula mais consistente e funcional. Em essência, era uma banda de Brutal Death Metal com um órgão ou outro instrumento sinfônico em segundo plano, resultando numa sonoridade inflada que exige muita dedicação do ouvinte, mas que não se torna enfadonha ou enfastiante. É uma experiência fascinante ouvir algo tão podre e tão épico ao mesmo tempo. E aqui em "King", a banda fez uma coisa que pode desagradar os que já conhecem o estilo dela, que foi manter o extremismo e a sinfonia em equilíbrio pleno, deixando ambos coexistirem e dividirem seu espaço. Esse equilíbrio fez as canções perderem bastante do seu peso e intensidade, tanto que a bateria tem o típico som de metralhadora somente em momentos e canções pontuais. As composições também não abrem mão de experimentalismos e invencionices pra deixar tudo mais nobre e luxuoso, bem ao estilo do rei desta capa. A faixa #07, inclusive, serve de separação entre o "primeiro" e "segundo ato" do álbum, pois se trata de uma voz operística acompanhada de um piano e só. Pra ver como a banda não tem medo de fazer o que quiser! "King" nada mais é do que um Death Metal requintado e um pouco difícil pra gente se adaptar no começo, pois claramente se trata de algo diferente do habitual, uma reinvenção do Metal extremo e até mesmo do próprio estilo da banda. Agora ficamos na expectativa pra ver se seu próximo álbum se torna mais operístico ainda, ou se mantém na mesma pegada, ou volta pro Death arrasador do seu início. Seja qual for o rumo, está ótimo.
Faixas:
01. Marche Royale
02. In Aeternum
03. Healing Through War
04. The Fool
05. Cold As Perfection
06. Mitra
07. Paramour (Die Leidenschaft Bringt Leiden)
08. And The Vulture Beholds
09. Gravity
10. A Million Deaths
11. Syphilis
12. King