10/03/2018

Retrô 2016: Furious

Vamos conhecer agora o lado mais violento, agressivo, barulhento e caótico do Metal! Aqui teremos os principais destaques da música extrema, indo do Thrash ao Black Metal, passando por estilos compostos que são meio complicados de entender e identificar, mas que este autor vai ter a bondade de explicar direitinho, em vez de agir como esses sites de download que chamam a banda de Gothic Sludge Drone Groove Hiper Master Blaster Destructor 3000 Wild Metal Sinfônico Progressivo. Inclusive tem muitos discos aqui que não são de um gênero específico, mas sim uma mistura de dois estilos, ou até três! Isso acontece porque não são as bandas que se encaixam nos rótulos, e sim os rótulos que tentam definir e categorizar as bandas. As bandas tocam o que quiser, experimentam o que quiser, e são capazes até de misturar coisas impensáveis, como é o caso do Fleshgod Apocalypse ali em baixo. Então, pra saber como as bandas pesadonas se saíram, chega de enrolação:


Retrô 2016: Furious

Banda: Vektor
Álbum: Terminal Redux
Estilo: Symphony X com riffs Thrash Metal Progressivo com alma de Thrash Metal, ou vice-versa

O Vektor nasceu em 2004, e já nasceu idolatrado pelos críticos e pelos metaleiros que estavam sentindo falta de algo genuinamente inovador e diferente. O Vektor apareceu cumprindo essa demanda sendo uma banda progressiva, que investe em músicas longas, subverte as estruturas convencionais, compõe canções imprevisíveis, e tem uma grande complexidade musical e significância nas letras, já que, como se não bastasse, este álbum se dedica a narrar uma história espacial no melhor estilo ficção científica. Ah, e ainda tem um vocalista que tem a voz parecida com a do Abbath. Então é meio difícil de recomendar esse álbum pra alguém. Tipo, se você gosta de Thrash Metal, navezinhas, enrolação, e uma voz de velha coroca se arrastando... esse álbum é pra você!!! Mas falando sério, "Terminal Redux" é uma obra bem densa e difícil de ser assimilada, mas percebe-se que existe algo de bom no meio de tanta coisa intragável à primeira vista. As canções cumprem muito bem a missão de juntar técnica, melodia e criatividade numa base essencialmente acelerada e truculenta, e nada soa exagerado (dentro da sua proposta). É a teoria do "caos organizado" em sua plena forma. Vale destacar também alguns efeitos sonoros que remetem aos efeitos de filmes sci-fi, tipo "pew pew pew" e "vuuooooaaaash". Ok, aqui escrito, ficou ridículo, mas nas músicas, fica legal! Mas taí, pra quem acha que o Metal não tem nenhuma banda inovadora hoje em dia, algumas bandas como o Vektor são as que mais são destacadas e comentadas pelas mídias especializadas, provando que o estilo ainda não se consumiu totalmente. Ainda existem muitas possibilidades.
Faixas:
01. Charging Тhe Void
02. Cygnus Terminal
03. LCD (Liquid Crystal Disease)
04. Mountains Above Тhe Sun
05. Ultimate Artificer
06. Pteropticon
07. Psychotropia
08. Pillars Оf Sand
09. Collapse
10. Recharging Тhe Void

Banda: Insomnium
Álbum: Winter's Gate
Estilo: Death Metal Melódico depressivo

Você sabia que o Death Metal Melódico não é necessariamente uma banda de Death com um solo de guitarra melódico no meio da música? Não? Isso que dá ouvir só Arch Enemy e bandas que imitam o Arch Enemy. O Insomnium já dominou a arte do Death Metal sombrio e melódico com seus mais de 20 anos de experiência, e já tem alguns clássicos na sua discografia. Provavelmente este lançamento também se tornará clássico, pois além de capturar bem o estilo da banda, trata-se de um disco conceitual que narra a história de um grupo de vikings enfrentando o inverno pra alcançar uma ilha lendária localizada no oeste da Irlanda. Essa história é narrada também em um livro que vem junto do disco (com a linguagem em inglês, alemão e finlandês) e em audiobook. Agora falando da parte musical, "Winter's Gate" consiste numa música gigante de 40 minutos dividida em 7 partes (por isso as faixas são intituladas desse jeito, não é preguiça de inventar título), e delas emana uma aura gélida e intensa de dramaticidade, que toca o ouvinte, ao mesmo tempo que ele é bombardeado de um som possante, ágil e gutural. É de surpreender como essas duas sonoridades se encaixam e combinam, transmitem a ideia de que a profundidade e melodia não nos deixam em letargia, mas sim em inquietação. Quando você ouvir, vai entender.
Faixas:
01. Winter's Gate, Pt. 1
02. Winter's Gate, Pt. 2
03. Winter's Gate, Pt. 3
04. Winter's Gate, Pt. 4
05. Winter's Gate, Pt. 5
06. Winter's Gate, Pt. 6
07. Winter's Gate, Pt. 7

Banda: Dark Tranquillity
Álbum: Atoma
Estilo: Death Metal Melódico

Poucas bandas conseguem ter um nome tão auto-explicativo. O Dark Tranquility é um dos pioneiros do Death Metal Melódico, e junto com o disco acima, poderia muito bem estar na Retrô Deepness, mas como esses discos foram considerados destaque no Metal extremo, este autor só está seguindo a boiada. Além de entoar riffs e notas cadenciadas, "Atoma" traz a peculiaridade de deixar em destaque as melodias de piano e teclado sintetizador, que emite notas eletrônicas sem nenhuma vergonha, só pra dar aquele toque especial na coisa. Outro destaque é o vocalista Mikael Stanne, que aproveita pra exibir seu vozeirão limpo e grave que recita os versos (e arrepia às vezes) e também seu rasgado de timbre médio pra cadaverizar as canções, fazendo a gente se lembrar de que estamos ouvindo Metal extremo agressivo e forte, que não se contém quando quer ser realmente poderoso, com a bateria frenética, riffs arrastados e atmosfera geral caótica. Mas a verdade é que essa simbiose entre melodia e agressividade não é perfeita, a melodia acaba se sobressaindo e desagradando aqueles que esperavam por uma fusão mais equilibrada. De todo modo, "Atoma" não deve ser ignorado, é um disco perfeito pra ouvir quando se está tenso e no seu estado de repouso ao mesmo tempo. É, humanos são meio complicados, conseguem ficar assim às vezes.
Faixas:
01. Encircled
02. Atoma
03. Forward Momentum
04. Neutrality
05. Force Of Hand
06. Faithless By Default
07. The Pitiless
08. Our Proof Of Life
09. Clearing Skies
10. When The World Screams
11. Merciless Fate
12. Caves And Embers

OBS: O disco "Winter Thrice" do Borknagar está I-DÊN-TI-CO a esse álbum!!! É impressionante a semelhança, ambas as bandas partiram de influências diferentes e chegaram no mesmo resultado!!! Se gostou desse do Dark Tranquility, vai gostar do Borknagar!

Banda: Fleshgod Apocalypse
Álbum: King
Estilo: Death Metal Sinfônico

O Fleshgod Apocalypse ganhou destaque na cena do Metal extremo há alguns anos por fazer algo que se julgava impossível: unir a melodia sinfônica à brutalidade do Death Metal. O MaYaN e outras bandas mais desconhecidas já se arriscaram nessa proposta, mas o Fleshgod foi a primeira que conseguiu relevância mostrando uma fórmula mais consistente e funcional. Em essência, era uma banda de Brutal Death Metal com um órgão ou outro instrumento sinfônico em segundo plano, resultando numa sonoridade inflada que exige muita dedicação do ouvinte, mas que não se torna enfadonha ou enfastiante. É uma experiência fascinante ouvir algo tão podre e tão épico ao mesmo tempo. E aqui em "King", a banda fez uma coisa que pode desagradar os que já conhecem o estilo dela, que foi manter o extremismo e a sinfonia em equilíbrio pleno, deixando ambos coexistirem e dividirem seu espaço. Esse equilíbrio fez as canções perderem bastante do seu peso e intensidade, tanto que a bateria tem o típico som de metralhadora somente em momentos e canções pontuais. As composições também não abrem mão de experimentalismos e invencionices pra deixar tudo mais nobre e luxuoso, bem ao estilo do rei desta capa. A faixa #07, inclusive, serve de separação entre o "primeiro" e "segundo ato" do álbum, pois se trata de uma voz operística acompanhada de um piano e só. Pra ver como a banda não tem medo de fazer o que quiser! "King" nada mais é do que um Death Metal requintado e um pouco difícil pra gente se adaptar no começo, pois claramente se trata de algo diferente do habitual, uma reinvenção do Metal extremo e até mesmo do próprio estilo da banda. Agora ficamos na expectativa pra ver se seu próximo álbum se torna mais operístico ainda, ou se mantém na mesma pegada, ou volta pro Death arrasador do seu início. Seja qual for o rumo, está ótimo.
Faixas:
01. Marche Royale
02. In Aeternum
03. Healing Through War
04. The Fool
05. Cold As Perfection
06. Mitra
07. Paramour (Die Leidenschaft Bringt Leiden)
08. And The Vulture Beholds
09. Gravity
10. A Million Deaths
11. Syphilis
12. King

Banda: Dark Funeral
Álbum: Where Shadows Forever Reign
Estilo: Black Metal

Sabe o que é melhor que um disco de Black Metal? Um disco de Black Metal bem-produzido! Quebrando o jejum de sete anos sem lançar nenhum álbum, o Dark Funeral mostra porque é uma das bandas mais consagradas do gênero com este álbum, que é Black Metal raiz do primeiro ao último segundo, com aquela sonoridade atmosférica e caótica que o fã gosta. As músicas começam com um riff ou linha de guitarra simples, mas que cativa imediatamente, e logo depois descambam pro extremismo do ritmo e notas cadenciadas ininterruptas. Quer dizer, não totalmente ininterruptos, pois as canções também apresentam partes mais melódicas e também diversas quebras, viradas e mudanças, que dão diversidade e virtuosidade pra elas, ainda que a sua sonoridade seja bem homogênea. Mas é justamente dentro desse padrão que vem o brilhantismo, a habilidade de fazer uma obra firme e consistente que não deixa a desejar em nenhum momento. É claro que os fãs mais exigentes podem apontar álbuns mais fortes e melhores, mas ninguém pode negar que "Where Shadows Forever Reign" funciona tanto pra quem já conhece o Dark Funeral, quanto pra quem vai passar a conhecer agora. E também pra quem não gosta tanto assim de Black Metal! Este autor fala isso por experiência própria.
Faixas:
01. Unchain My Soul
02. As One We Shall Conquer
03. Beast Above Man
04. As I Ascend
05. Temple Of Ahriman
06. The Eternal Eclipse
07. To Carve Another Wound
08. Nail Them To The Cross
09. Where Shadows Forever Reign

Banda: Abbath
Álbum: Abbath
Estilo: Black Metal leve

Abbath é o famosíssimo vocalista do Immortal, que é a mais pura encarnação do estereótipo do Black Metal: cheio de acessórios de couro e metal, canta gutural, tem máscara do KISS corpse paint, faz caretas e poses que são involuntariamente engraçadas, anda pelas florestas frias da Noruega e tudo mais. Em 2015 ele saiu do Immortal após atritos com os outros integrantes (fala sério, anos de banda, e os caras resolvem brigar a essa altura do campeonato? tsc tsc), gerando muita expectativa sobre como seria o futuro dos músicos depois daquele rompimento. Os fãs mataram a curiosidade com este novo lançamento de Olve Eikemo (eis o nome verdadeiro do Abbath), que se uniu a músicos experientes na cena e tocaram músicas que eram pra sair originalmente pelo Immortal. De cara já notamos o quanto as faixas são bem-produzidas, polidas e limpinhas, bem diferente da tradição do Black Metal e do Immortal de apresentar canções mais cruas e ásperas. Isso com certeza desagrada os tr00s, mas... dane-se eles. Se querem ouvir música extrema de baixa qualidade, que ouçam a obra que tá acontecendo ali na rua. Também percebemos rapidamente que é Abbath quem dá o carisma e personalidade pra banda, é ele quem carrega tudo nas costas. Os outros músicos são bons, sem dúvidas, mas não se destacam muito, deixam a impressão de que qualquer outro músico competente poderia executar essas canções. E poucas delas são realmente animalescas e brutais do início ao fim, o que torna "Abbath" uma boa porta de entrada pra quem quiser se aprofundar no Black Metal. No mais, este é um trabalho consistente, talvez não com o brilhantismo esperado por alguns, mas suficientemente interessante pra ser considerado.
Faixas:
01. To War!
02. Winter Bane
03. Ashes of the Damned
04. Ocean of Wounds
05. Count the Dead
06. Fenrir Hunts
07. Root of the Mountain
08. Endless
Faixas bônus da edição deluxe:
09. Riding on the Wind (Cover do Judas Priest)
10. Nebular Ravens Winter (Cover do Immortal)

Banda: Darkthrone
Álbum: Arctic Thunder
Estilo: Black Metal da Primeira Geração

Além de ser a banda do Fenriz, aquele cara que é sempre usado em memes do Metal, o Darkthrone é conhecido como uma das bandas mais tradicionais do Black Metal. E assim como outras gigantes do gênero, já faz um tempo que o Trono Preto deixou o Black Metal de lado pra investir numa sonoridade menos diabólica e pesada, mas sem perder a sua obscuridade. É isso que notamos logo de cara em "Arctic Thunder", álbum bastante atmosférico que reúne uma série de faixas robustas e envolventes, cujas estruturas remetem bastante ao Heavy Metal tradicional, mas sendo carregadas de uma climatização soturna e intensa. Isso é possível graças aos riffs chiados, ao vocal gutural arrastado, e à homogeneidade e ritmo constante das músicas, que tomam o tempo que é necessário pra desenvolver essa climatização trevosa e envolvente. Nem sentimos o tempo passar. E dentro do que se propõe, as músicas mostram certa virtuosidade, com viradas de ritmo, linhas de guitarra inesperadamente viciantes e outras cartas na manga pra incrementar as faixas e deixá-las maiores e melhores. É relativamente bem fácil ser cativado por "Arctic Thunder", pois é simples e direto (e eficiente) em seu objetivo. Se você está procurando por uma música de fundo pra capturar e expressar toda sua raiva e tensão acumuladas, "Arctic Thunder" é pra você.
Faixas:
01. Tundra Leech
02. Burial Bliss
03. Boreal Fiends
04. Inbred Vermin
05. Arctic Thunder
06. Throw Me Through the Marshes
07. Deep Lake Trespass
08. The Wyoming Distance

Banda: Sodom
Álbum: Decision Day
Estilo: Stoner Thrash Metal

Antes de começar, este autor vai dar um recado pra você aí, que acha que toda banda de Thrash é igual: ACHOU COMPLETAMENTE certo, OTÁRIO. Superficialmente, as bandas soam todas iguaizinhas mesmo, sempre usam a mesma fórmula, o mesmo tom, a mesma velocidade, os mesmíssimos acordes, os vocalistas tem o mesmo timbre, e por aí vai. Mas algumas delas conseguem ter uma identidade mais reconhecível e distinta. No caso deste último lançamento do Sodom, um dos grupos mais consagrados do Thrash alemão, o baixista, vocalista e líder Tom Angelripper escolheu adotar um tom mais cadenciado e grave, o que deixou as músicas com uma atmosfera bem forte e densa, um diferencial e tanto dentro da cena. Outras qualidades que auxiliaram na consistência dessa atmosfera, foram a sua produção menos refinada e mais chiada, e a voz de Tom, que está bem próxima do típico gutural rasgado que ouvimos nos estilos mais extremos. E se essa cadência toda não existisse, as músicas se sustentariam por si mesmas, pois todas são chamativas, marcantes e tem algo diferente pra mostrar. Mas como houve esse tom tenebroso permeando o álbum inteiro, "Decision Day" acabou atingindo um status maior, tendo um diferencial notável que o torna imperdível.
Faixas:
01. In Retribution
02. Rolling Thunder
03. Decision Day
04. Caligula
05. Who Is God?
06. Strange Lost World
07. Vaginal Born Evil
08. Belligerence
09. Blood Lions
10. Sacred Warpath
11. Refused To Die

Banda: Death Angel
Álbum: The Evil Divide
Estilo: Thrash Metal

Agora vamos pra um Thrash raiz, o Thrash maroto, o Thrash moleque e malandro. "The Evil Divides" é uma verdadeira aula de como usar os elementos e clichês do estilo pra compor algo que se sobressai, que se destaca, e principalmente, que nunca deixa de ficar interessante e energizante. NUNCA. Não tem nenhuma música que seja "mais ou menos" ou "pra descansar". Quer dizer, até existem canções menos rápidas e pesadas pra gente recuperar o fôlego, que investem mais na atmosfera, ritmo e destacando as letras, mas até estas tem algo a acrescentar. O maior exemplo disso é a sexta faixa, que é quase um desabafo raivoso graças à sua letra infalível e viciante, tanto na mensagem quanto na forma como ela soa. Já no campo das músicas realmente destruidoras, "The Moth" abre alas e mostra a gama de elementos que tornam o álbum tão especial: um vocal empolgado acompanhado de uma segunda voz e coros, só pra aumentar a diversão, um leque inteiro de riffs diversos e pegajosos, refrões que engajam mas não ficam atrás das outras partes, e outros toques especiais. Este autor arrisca dizer que é o melhor lançamento de Thrash Metal de 2016. Então corre e ouve!
Faixas:
01. The Moth
02. Cause for Alarm
03. Lost
04. Father of Lies
05. Hell to Pay
06. It Can't Be This
07. Hatred United, United Hate
08. Breakaway
09. The Electric Cell
10. Let the Pieces Fall

Banda: Destruction
Álbum: Under Attack
Estilo: Thrash Metal

"Ok, e como essa banda se diferencia das demais?", pergunta o implicante com Thrash. O Destruction, este autor não sabe dizer ao certo, mas sobre esse álbum, ele sabe: "Under Attack" é muito mais dedicado à parte instrumental, ao peso e à sua sonoridade agitada, com riffs à vontade e um timbre ligeiramente cadenciado que dá bastante destaque pro baixo. Essa dedicação ao instrumental é tão evidente que algumas vezes as canções até esquecem do vocalista. E muitas outras vezes, a voz até tá ali, mas a música fala bem mais alto, comunica mais, chama mais atenção. O vocal se transforma basicamente num instrumento de notas roucas e estridentes, mais um instrumento que se une aos demais e compõem uma barulheira que música para os ouvidos. Outra característica interessante é a guitarra, que quando está solando, não está muito preocupada em impressionar alguém com técnicas ou melodias elaboradas e bem sacadas, e sim em brincar! Se divertir o máximo que puder repetindo notas com o tapping, ou distorcendo notas alongadas e vibrantes. E antes que o solo se torne aleatório e anárquico demais, a música volta com a sua ordem e imponência destruidora. Por tudo isso, sem dúvidas, "Under Attack" é um dos melhores trabalhos no gênero e um dos destaques de 2016.
Faixas:
01. Under Attack
02. Generation Nevermore
03. Dethroned
04. Getting Used to the Evil
05. Pathogenic
06. Elegant Pigs
07. Second to None
08. Stand Up for What You Deliver
09. Conductor of the Void
10. Stigmatized
Faixas bônus da edição limitada:
11. Black Metal (cover do Venom)
12. Thrash Attack (instrumental)

Banda: Nervosa
Álbum: Agony
Estilo: Thrash Metal

No início, este autor ficou bem relutante em resenhar esse disco, porque ele tem o princípio de divulgar várias bandas brasileiras, em vez de só uma ou duas. Por isso que ele fez categorias brasileiras de 2011 e 2012, inclusive. Mas pelo fato do Nervosa ter um status internacional (igualmente o Almah, que estará na próxima resenha), é bom falar desse lançamento aqui. O trio paulistano capitaneado pela baixista e vocalista Fernanda Lira (a baixinha mais foda e zoeira das redes sociais) chamou atenção em 2014 com seu primeiro álbum "Victim of Yourself", que nos apresenta um Thrash Metal old-school direto e reto, letras críticas de cunho político e social, e ainda exibe o talento e versatilidade vocal de Fernanda, que se destaca dentro de tantas vozes de timbres parecidos. A banda basicamente já chama atenção por simplesmente existir. Agora em "Agony", o trio consegue repetir seus feitos, executando um som bem orgânico e sujo, mesmo com a produção toda limpa. Além de ostentar certo nível de técnica e invencionices ("Hostages" é um exemplo disso), as músicas são rápidas e fluídas de tal forma que parece que o disco tem só uns 10 minutos. E como era de se esperar, tem vários metaleiros preconceituosos por aí se doendo, dizendo que a banda é superestimada e que só faz sucesso por ter mulheres. Mas esses caras idolatram bandas iniciantes que não tem metade da habilidade e conquistas do Nervosa, só porque elas só tem homens, então a opinião deles não vale nada. Então se você ouviu qualquer crítica negativa e tem receio de ouvir o Nervosa, ignore e confira com seus próprios ouvidos. Se ela tem algum defeito, é esse lançamento estar um pouco aquém do de 2014, que é mais porradeiro. Mas se você quiser ouvir um Thrash simples e eficiente, taí uma boa pedida.
Faixas:
01. Arrogance
02. Theory of Conspiracy
03. Deception
04. Intolerance Means War
05. Guerra Santa
06. Failed System
07. Hostages
08. Surrounded by Serpents
09. Cyberwar
10. Hypocrisy
11. Devastation
12. Wayfarer

Banda: Suicidal Angels
Álbum: Division of Blood
Estilo: Thrash Metal com alma de Hardcore

Esta banda grega nascida em 2001 conseguiu um certo renome entre os fãs do gênero, mas há um tempo que a banda fazia um "mais do mesmo" que não convencia muito, apesar de ser bom. É com "Division of Blood" que essa situação muda, e nos faz refletir como às vezes, o que torna algo cativante é algo incerto e indefinível. Pois as faixas aqui são cativantes porque vão direito ao ponto e não enrolam, tendo pouca duração em geral e com um ritmo bem acelerado e contínuo. Isso poderia fazer as músicas parecerem incompletas ou com gosto de "quero mais" amargo na boca, mas não. Isso funciona! As faixas são infalíveis no seu ritmo e velocidade, fazendo o álbum parecer que é composto por uma só música e com umas paradas no meio só pra recuperar o fôlego rapidamente. Então, quando percebemos, ele já acabou! Aí damos play no disco de novo, e mais uma vez, e outra vez, e outra. "Division of Blood" é viciante, não faz a gente se cansar de músicas que parecem iguais, nem do ritmo rápido ininterrupto. Pode ouvir sem moderação.
Faixas:
01. Capital of War
02. Division of Blood
03. Eternally to Suffer
04. Image of the Serpent
05. Set the Cities on Fire
06. Frontgate
07. Bullet in the Chamber
08. Cold Blood Murder
09. Of Thy Shall Bring the Light

Banda: Ghoul
Álbum: Dungeon Bastards
Estilo: Thrash Metal com alguns elementos de Grindcore

Que grata surpresa, essa tal de Ghoul! Apesar dessa banda californiana existir desde 2001, foi graças a este lançamento que ela ganhou bastante visibilidade. Não é pra menos, "Dungeon Bastards" chama atenção por misturar o que há de melhor no Thrash e Grindcore. Seus ingredientes específicos são: som sujo (tente repetir isso cinco vezes, sem errar), riffs e estruturas típicas do Thrash, uma cozinha Grind quando se empolga, quatro vozes distintas que se revezam - uma rasgada podre, outra gutural de um porco vomitando, e duas vozes limpas que aparecem mais em coros ou "versos de efeito", em vez de "frases de efeito" -, e o mais importante: talento e domínio de sobra pra usar tudo isso de forma organizada e calculada, pra nada ficar fora do lugar ou perder o timing. Se bem que essa organização toda nem é sentida direito, pois nosso cérebro está ocupado demais vibrando com esse sonzão, e assimilando os rumos diversos que as músicas tomam e nem percebemos. Podemos ir do ritmo mediano ao alucinado sem notar quando houve essa transição, pois são tantos elementos juntos que nos acostumamos ao bombardeio de sons. "Dungeon Bastards" certamente ganhou mais prestígio e foi destaque em 2016 pelo fato das pessoas não conhecerem a banda direito e não esperarem nada, então como este autor está falando que a banda é boa mesmo, melhor manter as expectativas "na média".
Faixas:
01. Ghetto Blasters (introdução)
02. Bringer of War
03. Shred the Dead
04. Dungeon Bastards
05. Ghoulunatics
06. Blood and Guts
07. Word is Law
08. Death Campaign
09. Guitarmageddon
10. Abominox

Banda: Brujeria
Álbum: Pocho Aztlan
Estilo: Death Metal com momentos de Grindcore

O Brujeria é uma das bandas mais famosas deste subgênero podre e violento que é o Grindcore, graças à sua personalidade e sonoridade própria, que consiste em cantar em espanhol (que milagre uma banda não cantando em inglês!) abordando política e críticas sociais em suas letras, que também falam de coisas mexicanas (seu país de origem), como os carteis de drogas, a cultura local, e até um patriotismo de vez em quando. Mas consiste principalmente na sua sonoridade diferenciada, que é sofisticada pra uma banda de Grindcore. Por isso este autor a chama de "Death Metal com alguns momentos Grind", porque não é só uma barulheira ininterrupta que dura pouco. As canções duram relativamente pouco, sim, mas são suficientemente rápidas, brutais e criativas nas suas composições, sempre trazendo riffs viciantes, refrões empolgantes, ritmo imbatível e inserções sonoras que valorizam as músicas, que tornam elas algo maior, pois estão buscando algo fora delas mesmas. E é tudo isso que você vai encontrar em "Pocho Aztlan", o quarto disco da banda (porque o negócio dela é lançar EP) que quebrou um jejum de 16 anos sem lançar álbuns. Dá pra ouvi-lo do início ao fim sem se cansar, porque o ritmo nunca cai, os vocais e a própria forma de cantar são atraentes, e o instrumental é afiadíssimo. Pode parecer estranho usar o adjetivo que vem a seguir, mas "Pocho Aztlan" é extremamente divertido. Existe uma aura cômica e despretensiosa que não se sabe de onde vem, exatamente, mas que nos fisga sem volta. É por isso que esse álbum foi considerado um dos destaques de 2016.
Faixas:
01. Pocho Aztlan
02. No Aceptan Imitaciones
03. Profecia del Anticristo
04. Angel de la Frontera
05. Plata o Plomo
06. Satongo
07. Isla de la Fantasia
08. Bruja
09. Mexico Campeon
10. Culpan la Mujer
11. Codigos
12. Debilador
13. California Uber Aztlan

Banda: Vader
Álbum: The Empire
Estilo: Death Metal

Vader é aquele tipo de banda que nunca decepciona, pois ela já tem anos de experiência no Metal pesado e sabe muito bem o que está fazendo. Ela começou em 1983 tocando Heavy Metal ligeirinho (o que chamam por aí de "Speed Metal"), depois sofisticou sua sonoridade e se tornou uma das bandas de Death mais aclamadas, e agora, nos últimos tempos, está mais voltada para o Thrash, tomando esse estilo como base e voltando a tocar Death quando se empolga. É isso que vemos neste último disco, onde as músicas seguem a linha do Thrash bem enérgico e potente, criativo na sua estrutura e composições, e liderado por uma voz gutural agressiva. Aí do nada o grupo engata a marcha cinco e a bateria fica como uma metralhadora, mantendo um ritmo frenético e a música violenta e envolvente. E essa transição entre estilos é feita de maneira bastante natural, jamais fugindo do equilíbrio. Então se você está procurando uma banda de Death brutal e impactante, veja os discos anteriores do Vader. Porque "The Empire" é empolgante e brutal pra quem simpatiza mais pelo Thrash, e executa um feijãozinho com arroz bem feito pra quem é mais chegado no Death. Ambos os públicos estão bem servidos.
Faixas:
01. Angels Of Steel
02. Tempest
03. Prayer To The God Of War (Album version)
04. Iron Reign
05. No Gravity
06. Genocidius
07. The Army-Geddon
08. Feel My Pain
09. Parabellum (Album version)
10. Send Me Back To Hell

OBS: Tem um detalhe que é impossível deixar de fora: se essa banda lhe lembrou daquele vilão icônico de Star Wars, tudo bem. Parece que ela própria gosta de brincar com isso, visto pelos últimos versos da faixa "Genocyde": Junte-se ao império! / Aproveite o lado negro.

Banda: Aborted
Álbum: Retrogore
Estilo: Death Metal

Cês querem saber o que é Death Metal? É isso aqui. "Retrogore" é uma obra-prima indiscutível e invicta do metal mortífero, um dos melhores lançamentos de 2016, e talvez o melhor do Metal extremo. Ele consiste numa orquestra filarmônica de violência, ódio e escatologia, executada por uma cozinha cheia de técnica que nunca para de martelar, uma guitarra disparando notas agudas afiadas, vozes guturais empolgadas que vociferam palavras ininteligíveis (assim é que é bom!), e uma competência mestra pra unir tudo isso em músicas rápidas sem virar uma miscelânea barulhenta e anti-musical. Aqui o barulho é sofisticado e friamente calculado, é profissional o bagulho. E como se não bastasse, ainda sobra espaço pra algumas partes mais melódicas, que aparecem quando as músicas querem ficar soturnas. Mas elas não tiram o estado de frenesi que ficamos, muito pelo contrário, elas ajudam tudo a ficar mais intenso e frenético. Enfim, esses elogios todos só querem dizer uma coisa: esse disco é TOP, Rogerinho. Dá pra ouvir numa boa enquanto dirige. O problema que ele dá vontade de atropelar umas pessoas pelo caminho, porque o bicho empolga mesmo.
Faixas:
01. Dellamorte Dellamore (introdução)
02. Retrogore
03. Cadaverous Collection
04. Whoremageddon
05. Termination Redux (versão do álbum)
06. Bit By Bit
07. Divine Impediment
08. Coven Of Ignorance
09. The Mephitic Conundrum
10. Forged In Decrepitude
11. From Beyond (The Grave)
12. In Avernus

0 orações:

Postar um comentário